ROMA, 16 MAI (ANSA) – O Tribunal de Contas do Lazio abriu um fascículo para apurar se o vice-premier da Itália e ministro do Interior, Matteo Salvini, usou aviões e helicópteros da polícia para fins particulares.   

A investigação vem após uma denúncia do jornal “La Repubblica”, segundo o qual Salvini, do partido nacionalista Liga Norte, teria feito um tour pela Itália usando veículos oficiais, como o superluxuoso bimotor Piaggio P-180, chamado até de “Ferrari dos céus”, para eventos do governo, mas também para compromissos eleitorais particulares. O Tribunal quer esclarecer se houve uso indevido e desperdício de dinheiro público.   

O jornal “La Repubblica” levantou mais de 20 voos feitos por Salvini com veículos oficiais da polícia ou do Corpo de Bombeiros. Desde janeiro, o vice-premier participou de 211 eventos de propaganda eleitoral, os quais foram combinados com compromissos oficiais. Uma das agendas ocorreu na sexta-feira passada (10). Às 6h55 locais, o líder da Liga Norte embarcou no P-180 rumo à Reggio Calabria para uma cerimônia do governo de combate à máfia.   

Depois, às 12h12, seguiu para Lamezia Terme e Catanzaro para um comício eleitoral.   

O ministro do Interior, porém, defendeu-se. “Não há nenhum abuso, nenhuma irregularidade. Não há nenhum voo do Estado ou da polícia para fazer comícios. Desafio a provarem o contrário”, disse Salvini.   

“Sou investigado por tudo: por sequestro de pessoas, por racismo. Mas acho que estou fazendo um trabalho que os italianos apreciam. Sou um dos ministros que custam menos na história do Ministério do Interior”, alegou.   

“Salvini não é só um ministro do Interior fantasma, mas também está usando a sua função no governo para fazer campanha eleitoral. Ele se desloca com aviões da polícia, cujos voos custam 5 mil euros, para fazer comícios. Uma vergonha”, criticou, no entanto, a senadora opositora Simona Flavia Malpezzi, do Partido Democrático (PD).   

Nos últimos anos, o Tribunal de Contas abriu outras investigações similares para apurar uso indevido de dinheiro público por parte de políticos, inclusive contra o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi durante uma viagem de férias com a família para Courmayeur. O caso, depois, foi arquivado.   

(ANSA)