A OMS (Organização Mundial da Saúde) prevê cortar seu orçamento em 20% após a decisão de seu principal doador, os Estados Unidos, de se retirar, e reduzirá missões e pessoal, indicou seu diretor em um e-mail ao qual a agência de notícias AFP teve acesso neste sábado, 29.
Em 2025, a OMS enfrenta uma perda de receitas de 600 milhões de dólares (R$ 3,4 bilhões, pela cotação atual) e “não tem outra opção” a não ser começar a fazer cortes, explicou o diretor-geral da instituição, Tedros Adhanon, em um e-mail enviado aos funcionários da agência de saúde da ONU.
O presidente americano, Donald Trump, assinou um decreto para retirar seu país da organização no primeiro dia de seu novo mandato na Casa Branca. O republicano justificou a decisão pela diferença nas contribuições feitas pela China e acusou a OMS de estar “fraudando” o seu país, mas também se retirou de outros acordos multilaterais.
Os impactos
Os EUA eram de longe o maior doador da OMS. No último ciclo orçamentário bianual, de 2022-2023, Washington contribuiu com até 1,3 bilhão de dólares (7,49 bilhões de reais), o que representou 16,3% do orçamento total, que era de 7,89 bilhões de dólares (45,4 bilhões de reais).
“O anúncio dos Estados Unidos, combinado com reduções recentes da ajuda pública ao desenvolvimento de alguns países para financiar o aumento do gasto em defesa, fez com que nossa situação seja muito mais crítica”, afirmou Tedros.
Em fevereiro, o conselho executivo da OMS reduziu o orçamento proposto para 2026-2027, de 5,3 bilhões de dólares (30,5 bilhões de reais), para 4,9 bilhões (28,25 bilhões de reais).
“Desde então, as perspectivas de ajuda ao desenvolvimento se deterioraram”, recordou Tedros, por isso foi decidido propor “aos Estados-membros um orçamento ainda mais reduzido, de 4,2 bilhões de dólares (24,21 bilhões de reais)”, explicou o diretor.
A maior parte do financiamento americano vinha de contribuições voluntárias para projetos específicos, mais do que de uma participação fixa. “Essas medidas serão aplicadas primeiramente na sede, começando pelos altos dirigentes, mas afetarão todos os níveis e todas as regiões”, acrescentou Tedros.