Willian Barille, de 37 anos, se apresentava como empresário e vivia em uma área da Grande São Paulo. Porém, segundo a polícia, ele atuava como um megatraficante que conectava organizações criminosas de diversos lugares do mundo, incluindo a máfia italiana, e, por conta disso, recebeu o nome de “faz-tudo” do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Para conseguir manter a rede internacional de tráfico, Barille utilizava um aplicativo de mensagens secreto, segundo o programa Fantástico, da TV Globo. O delegado da Polícia Federal Eduardo Versa informou que entre os anos de 2018 e 2022, Willian teria movimentado R$ 2 bilhões no sistema financeiro brasileiro. Além disso, há indícios de investimentos nos Emirados Árabes, na Itália e em outros países da Europa.
Barille fala várias línguas, se apresentava como dono de nove empresas e era proprietário de uma mansão com vista para o mar em Florianópolis, Santa Catarina. No entanto, segundo as investigações, ele usava as empresas para lavagem de dinheiro do tráfico.
Além disso, Willian aparecia como sócio de Edmilson de Meneses, conhecido como Grilo, membro do PCC, e juntos enviavam cocaína para a Europa pelo porto de Paranaguá, no Paraná.
Segundo as autoridades, o grupo de Barille tinha acesso à área interna do porto e informações privilegiadas sobre a exportação. Eles levavam a cocaína em caminhões e, rapidamente, colocavam a droga em contêineres que tinham sido escaneados.
Para fazer isso, Barille teria contratado o guarda civil Jefferson Barcelos para cuidar da logística criminosa. Depois, o “faz-tudo do PCC” corrompia funcionários do porto e coordenava os carregamentos.
Os negócios entre Barille e Barcelos duraram de 2019 até 2020, quando carregamentos com 770kg de cocaína para a Europa foram roubados. Comparsas de Willian foram à casa do guarda civil para tirar satisfações. A Polícia Militar foi acionada e todos acabaram presos em flagrante.
Em maio de 2020, Barcelos foi executado a mando de Barille, segundo a Polícia Federal. O grupo do megatraficante ainda teria assassinado outras três pessoas ligadas ao guarda civil.
Devido a esse contratempo, o “faz-tudo do PCC” mudou seu modus operandi e passou a enviar drogas para a Europa por meio de aviões particulares. Conforme a PF, em um único voo, quase uma tonelada de cocaína foi levada para Bruxelas, na Bélgica.
Prisão do megatraficante
A Polícia Federal do Brasil e o Ministério Público, em parceria com as autoridades italiana, passaram a monitorar Barille desde 2020. Esse trabalho em conjunto permitiu que as autoridades brasileiras tivessem acesso às mensagens trocadas entre os traficantes por meio do aplicativo secreto, chamado SKYECC, que precisava de um telefone próprio e mantinha os usuários em anonimato.
Em dezembro de 2024, a Polícia Federal deflagrou uma operação cona Barille e realizou busca e apreensão em 31 endereços ligados a ele, sendo uma mansão em um condomínio de luxo em Alphaville, área nobre da Grande São Paulo, e na residência em Florianópolis.
Barille não foi localizado na ocasião e ficou foragido por mais de um mês. Depois, ele se entregou à polícia e se colocou à disposição da Justiça durante a audiência de custódia.
“Willian Barille desconhece o SKYECC, ele nunca utilizou esse telefone criptografado, e nunca praticou nenhum ato ilícito, muito menos tráfico de drogas”, informou o advogado Eduardo Maurício.