A deputada estadual Lúcia Helena Pinto de Barros, conhecida como Lucinha, do PSD, foi alvo da Operação Batismo, deflagrada pela PF (Polícia Federal) no dia 18 de dezembro de 2023, sob suspeita de ligação com a milícia do Rio de Janeiro. Isso fez com que ela fosse afastada do cargo por tempo indeterminado após decisão do TJRJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro).

RJ: deputada estadual é alvo da PF por suposta ligação com milícia; Justiça pede afastamento do cargo

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De acordo com o MPRJ, no decorrer das investigações da PF, levantou-se a suspeita de que a deputada estadual e uma assessora teriam ligação com a milícia liderada por Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, uma das mais poderosas e violentas do estado.

Nesta terça-feira, 6, também houve a divulgação de que a corporação também encontrou indícios da prática de “rachadinha” (quando o parlamentar fica com parte do salário dos funcionários) no gabinete da deputada Lucinha.

Ao analisar as informações de contabilidade e dinheiro, a PF observou que pelo menos 11 funcionários da parlamentar estariam recebendo salários menores do que o que demonstram seus contra-cheques da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

Entre os valores identificados para cada funcionário, alguns contavam com desvio de até 60% do valor total.

Quem é Lucinha?

A parlamentar construiu a sua carreira política em 1980 como ativista do Movimento Popular Organizado, passando assim a ter influência em bairros da zona oeste do Rio de Janeiro. A sua atuação com ações comunitárias despertou o seu interesse em participar da política tradicional. Por conta disso, foi uma das fundadoras do braço do PDT (Partido Democrático Brasileiro) no estado carioca.

Antes disso, no início de 1990, Lucinha foi diretora de Habitação da Famerj (Federação das Associações de Moradores do Estado do Rio de Janeiro). A sua atuação como liderança comunitária ajudou a construir sua primeira eleição à Câmara de Vereadores do Rio, em 1996. Porém ela foi eleita pela primeira vez pelo PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira).

Lucinha conseguiu ser reeleita em 2000 e presidiu a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que apurou a Máfia do IPTU, rendendo na demissão de fiscais de renda. Já no seu terceiro mandato, em 2004, foi reeleita como a segunda vereadora mais votada da cidade, com quase 70 mil votos.

No ano de 2008, ela conquistou o posto de vereadora mais votada do Rio de Janeiro, com 68.799 mil votos, a maior votação de um político da zona oeste. Em 2010, ela se elegeu como deputada estadual, cargo que exercia atualmente.

Em outubro de 2023, ela foi vítima de um sequestro em um sítio na zona oeste do Rio. Na ocasião, dois homens armados em fuga a abordaram e levaram o carro da Alerj para a comunidade Vila Kennedy.

Durante a abordagem, os criminosos identificaram um dos seguranças da parlamentar como policial militar e chegaram a ameaçá-lo, de acordo com as investigações. Lucinha teria conversado com os sequestradores, que exigiram um carro para fugirem. Depois, a deputada foi deixada na Vila Kennedy.

Na época, a assessoria da parlamentar afirmou por meio das redes sociais que ela foi encontrada “bem e em segurança. Agradecemos toda a preocupação e carinho de todos!”.