Fabiana Justus, de 37 anos, anunciou ter sido diagnosticada com leucemia mieloide aguda (LMA) nesta quinta-feira, 25. No Instagram, a influenciadora revelou estar assustada, mas confiante pela cura.

“O nome assusta, tudo assusta, mas eu estou nas mãos de um super médico, estou sendo muito bem assistida e as coisas foram muito rápidas até pela característica da doença e a forma que tem que ser o tratamento”, contou.

Já de cateter, a influenciadora também disse ter iniciado a quimioterapia

 

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O que é leucemia mieloide aguda?

Mas o que é, exatamente, esse tipo de câncer? Em entrevista à IstoÉ Gente, Adriana Scheliga, médica hematologista, oncologista clínica e pesquisadora do Instituto Oncoclínica, e Giovanna Ghelfond, médica especialista em hematologia e onco-hematologia, esclarecem as principais dúvidas.

Giovanna começa explicando que as leucemias são classificadas em agudas ou crônicas a depender do tipo de células acometidas (jovens ou maduras) e da evolução da doença. Segundo ela, as leucemias agudas, como a de Fabiana, têm uma evolução mais rápida e agressiva.

Adriana também explica que a doença se desenvolve a partir de células-tronco mielóides. “A LMA afeta principalmente pessoas com mais de 65 anos, mas crianças e adultos jovens também podem desenvolvê-la”, conta.

Ela ainda destaca que o diagnóstico é feito “de maneira muito rápida”, já que células doentes passam a substituir as células saudáveis na medula óssea. 

“Há uma queda no número de células normais do sangue, como as hemácias — o que pode causar anemia — e dos glóbulos brancos mais importantes para a defesa do organismo, chamados neutrófilos. Isso leva a um aumento do risco de infecções agudas e queda das plaquetas que fazem a primeira etapa da coagulação, levando a sangramentos”, detalha.

E continua: “A tríade de início rápido de febre, infecção e sangramento pode ser um sinal de alerta, e uma avaliação do sangue já pode levar à suspeita de uma leucemia aguda.”

Vale lembrar que Fabiana recebeu seu diagnóstico após ir ao pronto-socorro “por conta de uma dor nas costas esquisita e febre”.

Qual é o tratamento ideal?

Adriana lembra que existem vários subtipos de LMA, e o tratamento correto é determinado a partir dessa especificação. Apesar disso, ela destaca que, na maioria das vezes, ele é feito “com protocolos muito intensos de quimioterapia”, a fim de eliminar as células doentes.

E Giovanna complementa, acrescentando que em casos pontuais há a opção de transplante.

“A LMA pode ser classificada em risco alto, intermediário ou baixo a depender das alterações genéticas e moleculares que ela apresenta. Isso nos ajuda a entender qual paciente tem uma doença mais agressiva e terá indicação de realizar o transplante alogênico de medula óssea”, explica.

No entanto, o transplante autólogo — quando são utilizadas as células do próprio paciente — é menos recorrente em casos de leucemia aguda.

“Cada vez mais temos utilizado a imunoterapia, quando temos alvos moleculares, pois são drogas eficazes que trazem menos toxicidade ao paciente”, acrescenta Giovanna.

Existe chance de cura?

Para Adriana, não é possível estabelecer se a LMA tem ou não cura sem saber seu subtipo. Ela também destaca que é necessário analisar, caso a caso, a resposta ao tratamento.

“A questão não é o diagnóstico na fase inicial, mas sim as características da doença, que muitas vezes têm alterações genômicas distintas de melhor ou pior prognóstico. O simples fato de dizer que já começou a tratar ‘cedo’ e, com isso, a chance de cura é maior, não é verdade”, pontua.