20/05/2024 - 15:49
A atriz Susana Vieira, de 81 anos, foi um dos destaques do “Fantástico”, da TV Globo, neste domingo, 19. Em entrevista à atração, a veterana revelou o diagnóstico de leucemia linfocítica crônica, uma doença incurável, e de anemia hemolítica autoimune.
“Não adianta fazer transplante. E eu ainda tenho anemia hemolítica autoimune [a qual também não tem cura]. Deus me deixou em paz. Ou eu estou mais em paz. Ambas estão em remissão”, explicou.
Para entender o diagnóstico da atriz, a IstoÉ Gente procurou:
- Adriana Scheliga, médica hematologista, oncologista clínica e pesquisadora do Instituto Oncoclínica;
- Giovanna Ghelfond, médica especialista em hematologia e onco-hematologia;
- Phillip Bachour, médico onco-hematologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
O que é leucemia linfocítica crônica?
Leucemia linfocítica crônica (LLC) é uma doença onco-hematológica que acontece com a proliferação exacerbada de linfócitos na medula óssea. “Trata-se de uma doença crônica, que geralmente progride lentamente e é mais comum em adultos, principalmente após os 65 anos”, destaca Adriana.
Segundo os especialistas, a doença se apresenta, na maioria das vezes, de forma assintomática, sendo normalmente descoberta após exames de sangue de rotina. Os sintomas podem surgir apenas após anos.
“Quando há sintomas, eles podem estar relacionados à perda de peso, sudorese noturna e febre vespertina. Há, ainda, alterações clínicas em fases mais avançadas da doença, como queda de plaquetas, que gera manchas na pele, aumento de gânglios (as famosas ínguas), acompanhado de dor e inchaço, e anemia, que é muito comum”, explica Phillip.
E Adriana complementa: “O risco maior é a progressão da doença, que pode comprometer o sistema imunológico e aumentar a susceptibilidade a infecções ou mesmo evoluir para uma condição mais agressiva e menos comum, chamada Síndrome de Richter, que é a transformação da doença para um linfoma agressivo”.
Tipos de tratamento
Os médicos relatam que o tratamento pode variar de acordo com o estágio da doença e com as condições do paciente. Muitos deles, inclusive, ficam sob vigilância até que os sintomas se manifestem, já que o tratamento pode não ser eficaz se a doença não apresentar sintomas.
Quando necessários, os tratamentos incluem quimioterapia e imunoterapia, “com medicações que agem em células-alvo e, consequentemente, têm menos efeitos colaterais”, conforme destaca Giovanna.
De acordo com Phillip, existem “tratamentos finitos, que começam e têm fim, e existem os contínuos, com medicamentos via oral”. Nas duas situações, a expectativa é que a doença fique controlada por muito tempo, mas é possível que ela retorne e o paciente tenha de receber uma segunda rodada de medicamentos.
‘Não adianta fazer transplante’
À reportagem, os médicos explicam a frase de Susana Vieira. Apesar de o transplante de medula óssea ser uma opção para casos pontuais, a maior parte dos pacientes vive uma boa vida com a condição controlada somente com tratamentos.
“O transplante de células-tronco é uma opção de tratamento para alguns casos de LLC, mas não é comumente recomendado devido à natureza geralmente mais lenta da doença e ao perfil típico de idade dos pacientes, que pode aumentar os riscos associados ao procedimento”, conta Adriana.
Anemia hemolítica autoimune
A segunda condição também pode estar relacionada à LLC, conforme elucidam os médicos.
“Trata-se de um fenômeno imunológico que, muitas vezes, acontece em pacientes que têm o diagnóstico da LLC. A anemia hemolítica autoimune é uma condição no qual o próprio organismo destrói os glóbulos vermelhos, causando anemia. Ela pode estar relacionada a outras doenças onco-hematológicas e, curiosamente, tem tratamento à base de corticoides”, finaliza Giovanna.