Um dos maiores nomes da música brasileira, o cantor Milton Nascimento, 82 anos, foi diagnosticado com demência por corpos de Lewy (DCL), condição causada pela degeneração de células nervosas no cérebro.
A informação foi divulgada nesta quinta-feira, 2, após uma entrevista do filho do artista, Augusto Nascimento, à revista “Piauí”. Na matéria, o herdeiro explica que a confirmação da doença aconteceu depois de ele notar mudanças no comportamento do pai durante o primeiro semestre deste ano.
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Alertas como lapsos de memória, falta de apetite e olhar fixo do idoso chamaram a atenção de Augusto, que resolveu investigar melhor os sintomas.
Enquanto o médico que acompanha o cantor há dez anos começava a fazer exames para fechar o diagnóstico, pai e filho fizeram uma viagem de motorhome pelos Estados Unidos, já que, segundo o especialista, “se fossem viajar, esse era o momento”.
Semanas após retornarem do país norte-americano, veio a confirmação de DCL, um dos quadros mais comuns de demência.
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À IstoÉ Gente, o médico Ricardo Alvim, coordenador do serviço de neurologia do Hospital Mater Dei Salvador, explica que a demência por corpos de Lewy inicialmente é apresentada por quatro sintomas principais.
“O primeiro é um paciente com parkinsonismo, que tem sintomas motores de tremor e rigidez. Ele também apresenta alucinações visuais precoces, uma flutuação cognitiva, momentos em que o paciente tem muita lucidez ou muita confusão”, conta.
Em seguida, se é apresentado um quadro de alteração do sono, em que o paciente tem sonhos vívidos, chutando e gritando.
Como não confundir a condição com Parkinson?
O especialista afirma que ambas doenças são causadas pelo mesmo processo neuropatológico, mas que a manifestação dos sintomas é diferente.
Na doença de Parkinson, o paciente primariamente apresenta sintomas motores e depois de muitos anos pode desenvolver um quadro demencial cognitivo. Já no DCL, inicialmente, são alterações cognitivas e depois as motoras.
Opções de tratamento e expectativa de vida
O tratamento para a demência por corpo de Lewy envolve medicações sintomáticas que servem para aliviar os sintomas da doença. Elas controlam as alucinações visuais, melhoraram a alteração do sono e o quadro de rigidez.
“São remédios que devem ser introduzidos com o objetivo de melhorar os sintomas da doença e, com isso, melhorar a qualidade de vida do paciente e de quem está cuidando do paciente.”
O médico enfatiza também a necessidade de um tratamento não farmacológico. O acompanhamento de equipes multidisciplinares, como fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia evita complicações e mantém o paciente ativo para as atividades do dia a dia.
Ricardo explica que a expectativa de vida de uma pessoa diagnosticada com DCL deve ser vista com cautela, uma vez que depende dos primeiros sintomas e da confirmação da doença.
“A evolução tende a ser mais rápida do que a doenças de Alzheimer e Parkinson. O desenvolvimento de um quadro cognitivo mais grave, ou seja, com maior dependência do paciente, no Lewy é mais comum.”
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*Estagiária sob supervisão