Ele nasceu na década de 20 e seu trabalho continua de moderno e atual. Roy Lichtenstein (1923 – 1997) foi um artista pop americano e um dos mais influentes e inovadores da segunda metade do século XX. Como um dos expoentes da Pop Art, criou suas primeiras pinturas baseadas em histórias em quadrinhos e em anúncios. Essas pinturas revigoraram a cena artística americana e alteraram a história da arte moderna. O sucesso de Lichtenstein foi acompanhado por seu foco, por um trabalho diário de mais de dez horas e por muita energia. Criou mais de 5.000 pinturas, gravuras, desenhos, esculturas e murais.

Lichtenstein era de uma família rica e cresceu no Upper West Side, um bairro chique de Manhattan (Nova York). Sua paixão por ciência e quadrinhos, ganhou relevância ainda maior na adolescência, quando ele se interessou por arte. Ficava muitas horas no Museu Americano de História Natural e no Museu de Arte Moderna (MoMA), admirando as obras como “Guernica” (1937) que era a sua pintura favorita. Teve uma ótima formação, com aulas de aquarela, desenhos realistas e faculdade de arte. Seus estudos universitários tiveram que ser interrompidos em 1943, quando foi convocado e enviado para lutar na Segunda Guerra mundial. Retornou aos Estados Unidos em 1946 e concluiu a sua graduação e seu mestrado em artes plásticas na Universidade de Ohio.

Experimentou diferentes técnicas enquanto lecionava arte. Adorava artistas como Jackson Pollock e Willem de Kooning, mas a inspiração que gerou o DNA de  sua obra veio da publicidade e dos gibis que adorava ler desde a infância. Desenvolveu um estilo próprio, inovador e marcante, como se suas telas fossem verdadeiras impressões mecânicas da arte comercial.

No início dos anos 1950, começou a trabalhar em série e sua iconografia foi desenhada a partir de imagens impressas. Inspirado em Paul Klee, produziu diversas pinturas e começou a zombar de cavaleiros, castelos e donzelas medievais. Criou também interpretações cubistas de cowboys e índios americanos, com um capricho do falso primitivo. Criou obras inspiradas em grandes artistas, como Pablo Picasso, Henri Matisse, Fernand Léger e Salvador Dalí.

Muito antes de encontrar seu modo de expressão característico, Lichtenstein chamou a atenção para o gosto que permeava a arte e a sociedade. Ficou fascinado com que os outros descartaram por considerarem trivial. O seu interesse pelas histórias em quadradinhos como tema artístico começou provavelmente com uma pintura de Mickey, que fez para seus filhos. Reproduzia manualmente e com alta fidelidade, os procedimentos gráficos, desenhando bolinha por bolinha. Empregou a técnica de pontilhismo e usou cores brilhantes, traço negro e desenhos de impacto visual para gerar uma combinação perfeita de arte comercial e abstração.

Lichtenstein se apropriou dos pontos de Benday. A técnica criada em homenagem ao ilustrador e gráfico Benjamin Day, reunia os minúsculos padrões mecânicos usados ​​na gravura comercial para transmitir textura e graduações de cores. No começo não teve entendimento sobre a descoberta, mas os pontinhos tornaram-se a marca registrada de seu trabalho e passaram a ser reconhecidos como um tapa na cara do expressionismo abstrato.

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A partir de dessa temática inspirada nos gibis, produziu “Whaam!” e uma série de obras criadas com base em anúncios publicitários e em desenhos animados. Seu primeiro grande mural foi criado em 1964 para o Pavilhão do Estado de Nova York da Feira Mundial de 1964 a partir da imagem de uma menina presente em um de seus gibis. Começou a provocar debates sobre ideias de originalidade, consumismo e a linha tênue entre arte e entretenimento, chamando também a atenção de colecionadores e negociantes de arte.

Querendo crescer, Lichtenstein se afastou dos temas de quadrinhos que o haviam destacado, com uma fase menos narrativa e mais abstrata. Nos anos 80, pintou representações de interiores de casas modernas e, também, começou experimentos com escultura. Mas o estilo dos quadrinhos não o abandonou. Foi com essa proposta que produziu enormes obras como “Brushstoke“, uma escultura de alumínio com 25 pés de altura criada para o Aeroporto Internacional de Port Columbus, e um mural de cinco andares para o saguão do Torre da Equitable (Nova York).

Para Lichtenstein, a arte pop como “não é uma pintura americana, mas sim uma arte industrial”. Conforme seu desejo, sua família criou a Fundação Roy Lichtenstein para manter sua obra viva e proporcionar inspiração para as próximas gerações de artistas e curadores, críticos e acadêmicos interessados em conhecer melhor sua história. Infelizmente, por questões financeiras, a fundação foi fechada. O acervo foi doado para importantes museus como Whitney Museum, mas seu site continua no ar, mantendo o Image Duplicator, um mecanismo de busca inteligente que permite encontrar imagens e informações sobre a vida e a obra de Roy Lichtenstein. Seu portfólio está catalogado por nome, data e título.

Era considerado um artista muito à frente do seu tempo talvez porque manteve sua curiosidade e seu interesse pelo novo, inclusive até o fim de sua vida. Sempre disposto a aprender e a ter novas experiências, chegou a misturar ideias cubistas, futuristas puristas, surrealistas e expressionistas. Lichtenstein não teve medo de expandir sua paleta para além do vermelho, azul, amarelo, preto, branco e verde, combinando novas cores e formas. Também mostrava sua flexibilidade ao tocar piano e clarinete, adaptando seu modo de tocar ao ritmo das bandas de jazz que frequentavam sua residência ou as casas de espetáculo que surgiam naquela época na região de Midtown (Nova York). Morreu de pneumonia em 1997, sem sofrer e com a leveza que sempre marcou o estilo.

Essa coluna foi produzida a partir de uma sugestão de Edson Franco, um grande admirador de Roy Lichtenstein. Escreva para sugerir um tema ou para contar algo sobre seu artista preferido. Adoro boas histórias! Você pode me encontrar no Instagram Keka Consiglio ou no Twitter.

 


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