SÃO PAULO (Reuters) – A comercialização antecipada da segunda safra de milho do Brasil da temporada atual atingiu 24,3% da produção prevista de 92,2 milhões de toneladas, segundo levantamento de Safras & Mercado, indicando atrasos nos negócios para a chamada “safrinha” ante a média histórica para o período.

Em maio do ano passado, a comercialização estava mais avançada, atingindo 31% da produção prevista de 84,404 milhões de toneladas de milho. A média de vendas para o período nos últimos cinco anos é de 32,6%, segundo dados da consultoria.

Na comparação com o início de abril, a comercialização antecipada avançou apenas 4,4 pontos percentuais, segundo a consultoria, que citou um ambiente de preços baixos, baixa liquidez na exportação e cautela de produtores, visto que algumas áreas ainda poderiam sofrer com eventuais geadas à medida que o inverno se aproxima.

“Em parte, isso mostra a baixa liquidez para o início da safrinha 23 nos portos brasileiros, devido à dificuldade de espaço”, afirmou o especialista de Safras, Paulo Molinari, à Reuters, ressaltando os portos tomados pela safra recorde de soja.

“Depois, os preços caíram muito e os produtores ainda esperam alguma variável que melhore esta condição. Por fim, no Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo, o risco de geadas ainda contém o produtor na decisão de venda antecipada de safrinha”, acrescentou.

Os preços do milho têm sido pressionados pela expectativa de uma safra recorde no Brasil, entre outros fatores, e aprofundaram queda ao longo de abril.

Um déficit de armazenagem no Brasil, agravado por lentas vendas de uma safra recorde de soja no país, acentuou o problema da falta de silos, comentou Molinari.

“Não existe espaço para deslanchar vendas de milho em maio. Somente vão encontrar folga na logística de porto a partir de setembro (após o escoamento de boa parte da safra de soja). A partir daí teremos que vender na exportação por pressão interna”, acrescentou.

(Por Roberto Samora)

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