Nos últimos dias, a dura realidade do futebol brasileiro e do próprio Clube Atlético Mineiro bateu às portas de seus milhões de fanáticos torcedores. Notícias pouco alvissareiras sobre atraso de salário, fracasso parcial na venda do Diamond Mall e especulações sobre a futura SAF ganharam as manchetes dos sites esportivos, dando a impressão de que a maré havia virado contra o multicampeão nacional de 2021 e 2022.

A delicada situação financeira do Galo não é segredo para ninguém. Afundado em dívidas herdadas de gestões anteriores, o Atlético só não faliu e se viu no lugar que ocupou o rival celeste nos últimos anos por causa da diretoria que assumiu o Clube em 2020, e o apoio empresarial e financeiro do grupo conhecido como 4Rs (Rubens e Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador), mecenas que emprestam dinheiro, sem juros, ao Galo.

Após um ano menos vitorioso, em que desportivamente as coisas andaram de lado (dois títulos “apenas”: Supercopa, sobre o Flamengo, e Campeonato Mineiro, sobre o Cruzeiro), as notícias fora do campo ganharam contornos negativos nos últimos meses e levantaram suspeitas sobre o futuro do alvinegro:

1. Alexandre Kalil, ex-presidente do Galo, ajuizou uma ação criminal contra o presidente do Conselho Deliberativo, Ricardo Guimarães, visando tumultuar o momento e manter a fama de “defensor”, sendo na verdade ação deliberada para atrapalhar o andamento da SAF, que elevará o Atlético a outro patamar.

2. O grupo Multiplan anunciou que desistiria da compra das ações do Diamond Mall, que ainda pertencem ao Atlético (49.9%), para recuar e, logo após, adquirir 24.9% – o restante será adquirido por um novo investidor.

3. Após o nome do provável parceiro na SAF ser especulado, uma onda de comentários negativos circulou nas redes, minimizando e até menosprezando, de forma açodada e injustificada, o empresário e investidor norte americano Peter Grieve.

MAS A SAF VEM AÍ…

O offthepitch.com, publicação digital de notícias do futebol internacional, especializada no multibilionário mundo dos negócios entre grandes clubes do planeta, em matéria exclusiva, de autoria do seu correspondente sênior, James Corbett, apurou que Peter Grieve, um ex-banqueiro do prestigiado Goldman Sachs, está mesmo lançando um fundo com potencial inicial de captação de 1 bilhão de dólares, para investimento direto em equipes de futebol.

As informações iniciais dão conta de que Grieve formou um time de co-gestores com larga experiência em corporações globais, como o antigo “head” da Adidas na Ásia, um executivo sênior da European Club Association, um proprietário-presidente de clube da Champions League, um chefe de delegação de país participante de recentes Copas do Mundo, além de um executivo com participação societária bilionária no mercado esportivo norte americano.

O Atlético é um dos clubes que interessam ao fundo, mas nem Grieve nem Galo informam maiores detalhes, já que rígidas regras de “compliance” e de sigilo costumam pautar esse tipo de transação. Fato é que, sim, o Galo está em tratativas avançadas com o investidor, sendo assessorado pelo Banco BTG, especialista em fusões e aquisições, pela EY, uma das maiores empresas de consultoria do mundo, e por um dos mais renomados escritórios de advocacia do País, o mineiro Azevedo Sette.

O que se sabe até o momento é que o Clube Atlético Mineiro será sócio do negócio, com participação expressiva e poder de gestão sobre o futebol (como quer a torcida), e que, provavelmente, Menin e Guimarães serão acionistas, trocando a dívida milionária que têm a receber por um percentual das ações. Ao que tudo indica, portanto, a Sociedade Anônima de Futebol do Atlético será não apenas inédita no Brasil, mas a melhor até então.

FELIZ 2023!

Se o fundo de Peter Grieve se tornar de fato o adquirente da maioria das ações da SAF atleticana, tanto melhor, pois tudo indica que será nos moldes de investidor, e não de gestor. Ou seja, vem com apetite para investir, sim, mas manterá os atleticanos administrando o futebol. Além do mais, como já anunciado, o patrimônio imobiliário do Clube (sede de Lourdes, Vila Olímpica e Labareda) não fará parte do negócio. A Arena MRV e a Cidade do Galo só entrarão se trouxerem ganhos para o futebol, e tudo ainda precisará ser avaliado pela Diretoria Executiva e pelo Conselho Deliberativo do Atlético.

É mais do que sabido que, sem a SAF, a situação do alvinegro se agravaria sobremaneira. É muito difícil, para não dizer impossível, imaginar que empresários de sucesso, advogados conceituados, um banco e uma consultoria dos maiores do planeta, juntos, como ocorre hoje no Atlético, não são capazes de conduzir, dentro do que há de melhor no mundo dos negócios, o Galo rumo a um acordo societário vantajoso e, o mais importante, duradouro e promissor.

Por fim, imaginar que atleticanos apaixonados, que empenharam seus bens pessoais – e os próprios nomes! – para conduzir o Galo ao topo do futebol nacional, colocariam em risco o futuro do Clube, chega a ser absurdo, para não dizer loucura. Portanto, podem comemorar muito, sim, torcedores atleticanos, porque 2023 tem tudo para ser o “ano do Galo”, para o desespero de muita gente preta e branca por fora, mas azul celeste por dentro.