O famoso aniversariante dessa sexta-feira, 27, tem muito conhecimento acumulado e, mesmo ao completar 99 anos de vida, não se furta ao debate. Trata-se do quinquagésimo sexto Secretário de Estado dos Estados Unidos, Henry Alfred Kissinger.

Kissinger teve papel relevante em todos os aspectos da política externa norte-americana desde 1968, com destaque especial para sua atuação frente à enigmática relação com a extinta URSS, com a China, e durante e no pós-guerra do Vietnã. Por sua atuação no pequeno país situado no Sudeste Asiático, aliás, foi homenageado com o Prêmio Nobel da Paz. Pelo conjunto da obra recebeu congratulações e a Medalha Presidencial da Liberdade, a maior condecoração civil dos Estados Unidos.

Em aparição histórica no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, concluído na quinta-feira, 26, Kissinger foi duro e assertivo em sua análise. Sem papas na língua disse que o conflito na Ucrânia tem de ter um fim rápido, dentro de dois meses, antes que se criem “tensões e dificuldades que depois serão mais difíceis de ultrapassar”. E definiu. “Os líderes ocidentais devem se esforçar para que aja o regresso ao status quo que existia”. O que leva a entender que, segundo o “eterno diplomata”, a Ucrânia não tem recursos bélicos para frear Putin e, portanto, deve abrir mão de Donbass e Lugansk.

Kissinger analisou historicamente a Rússia e sua relação com a Europa. Afirmou que o Velho Continente não deve perder de vista a relação de longo prazo com Moscou para que a aliança com a China não tenha um peso descomunal. As orientações de Kinssiger, no entanto, estão longe dos ouvidos de Vladimir Putin, Joe Biden, Volodymyr Zelensky, Olaf Scholz e Jens Stoltenberg. Eles não falam sobre a paz.