Luiza Souto Fotos Masao Goto Filho / Ag. IstoÉ Cláudio Manoel Mascarenhas Pimentel dos Santos nasceu na Bahia, mas se mudou para o Rio de Janeiro aos 6 anos de idade e adquiriu toda a manha carioca. Daí surgiram tipos inesquecíveis como o Seu Creysson e Massaranduba. Mas tudo perdeu a graça quando viu Bussunda, um dos seus melhores amigos e colega de muitos anos, morrer enquanto cobria a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha. Também teve um irmão brutalmente assassinado em 2008 e perdeu o pai em seguida. Aos 53 anos, Cláudio Manoel já viu muito da vida, mas confessa que quer mais. Como você vê o humor hoje, com polêmicas como a do Rafinha Bastos? É variado. Tem muita gente produzindo. Agora não dá para dizer que há renovação. Tem programa que você quase ouve ?Organizações Tabajara?. O programa do Rafinha é a franquia de um que existe há mais de 40 anos. O CQC tem qualidade, mas não é original. É um programa argentino que tem em Israel, na Itália, em Portugal, com o mesmo formato. É bacana porque teve êxito, mas não se pode dar prêmio de originalidade. Você trabalhou com humor tantos anos e, de repente, lançou um documentário sério, sobre a vida de Wilson Simonal, e agora dirige um quadro onde as pessoas choram, se emocionam, que é o ?O que vi da vida?. Como é isso? Eu não leio só humor. Durante as filmagens de Simonal ? Ninguém Sabe o Duro que Dei, eu, (e os codiretores) Calvito (Leal) e o Micael (Langer) vimos um documentário chamado The Fog of War, de um cara chamado Errol Morris. Ele tem uma técnica de entrevista que a gente achou muito legal, que é a do entrevistado olhar para a câmera. Já naquela época a gente ficou com essa ideia na cabeça, de uma entrevista confessional, sem a participação do entrevistador. A intenção é criar esse ambiente de isolamento e intimidade para a pessoa surfar a onda dela. Você sabia da história da Xuxa? Parte dela. Em novembro do ano passado encontrei com ela num vôo. Comecei a falar do programa. Ela contou da campanha contra violência doméstica e abuso infantil, da luta contra o silêncio, que beneficia o agressor, e que ela podia servir de exemplo porque tinha vivido uma experiência parecida, mas não falou mais nada. No dia da entrevista eu nem tinha colocado na pauta esse tema, mas ela disse que gostaria que eu perguntasse a respeito. Alguma coisa ela pediu para não colocar na edição ou você mesmo pensou em cortar algo? Eu tomei alguns cuidados, pois tinha questões do abuso e da violência. A gente não colocou essa última senão ia misturar tudo. O Bussunda ainda é muito lembrado nas reuniões de vocês? Claro. Ele está em todo lugar (nesse momento, Cláudio aponta várias fotos do humorista, penduradas em seu escritório). Não tem como não estar. A gente viveu muito tempo, muita coisa. Minha vida com Bussunda fora do Casseta era até bem maior do que no Casseta. Você tapa o buraco com dias. Siga Gente no Twitter!