NAIRÓBI, 15 AGO (ANSA) – O atual vice-presidente do Quênia, William Ruto, foi declarado o novo mandatário do Quênia nesta segunda-feira (15) pela Comissão Eleitoral do país. A vitória em primeiro turno veio porque o político superou os 50%, mais precisamente, 50,49% dos votos.   

O rival Raila Odinga, que teve 48,8% dos votos, ainda não se pronunciou e não participou da cerimônia de anúncio do vencedor.   

Em números totais, foram pouco mais de 7,18 milhões de votos para o vencedor e 6,94 milhões para o segundo colocado.   

“Vou trabalhar com todos os líderes. Não há espaço para vingança. Estou absolutamente consciente que nosso país, neste momento, tem a necessidade de que todos colaborem”, disse o novo presidente queniano.   

A disputa entre Ruto, 55 anos, e Odinga, 77, já era esperada desde a campanha eleitoral, com um cenário bastante indefinido nas pesquisas de opinião. Até mesmo na primeira parcial divulgada no sábado (13), era Odinga quem tinha uma leve vantagem na frente.   

Ruto é o atual vice-presidente de Uhuru Kennyatta, que não pode concorrer a um novo mandato por ter já cumprido dois seguidos à frente da Presidência. No entanto, apesar de pertencerem ao mesmo governo, a relação entre os dois estava estremecida e o vice não tinha o apoio do mandatário.   

Kennyatta apoiava abertamente Odinga, seu ex-opositor político até 2018. Naquele ano, quando o atual presidente ganhou sua última eleição contra o próprio Odinga, os dois fecharam um acordo político para acalmar a crise nacional. Durante o pleito, mais de 100 pessoas foram mortas por disputas relacionadas aos candidatos.   

O acordo entre os dois era criticado por Ruto, que foi se afastando cada vez mais do atual mandatário.   

Para além da briga dos políticos, há uma crise dentro da própria Comissão Eleitoral por problemas na contagem das cédulas.   

Segundo o presidente da agência, Wafula Chebukati, quatro dos sete membros da Comissão não quiseram reconhecer o resultado anunciado por dizerem que todo o processo “foi opaco”.   

“Não podemos fazer parte do resultado que foi anunciado”, disse a vice-presidente da Comissão Eleitoral Independente (IECB), Juliana Cherera, pedindo para que os quenianos “tenham calma” no momento.   

Por sua vez, Chebukati afirmou que “que continua firme mesmo com a intimidação e o assédio” e que fez seu trabalho “segundo todas as leis de nossa terra”.   

Desde o dia da votação, em 9 de agosto, há diversas denúncias de fraudes eleitorais em vários pontos do país. Algumas regiões até fizeram recontagens, mas o resultado foi colocado em dúvida em várias delas. Esses problemas atrasaram a divulgação dos números finais, que eram esperados para a última quinta-feira (11) ou sexta-feira (12). (ANSA).