A Rússia vetou, nesta terça-feira (11), no Conselho de Segurança da ONU, a extensão por nove meses da ajuda transfronteiriça à Síria, depois que esse mecanismo humanitário vital para milhões de habitantes de áreas rebeldes expirou na segunda-feira.

Enquanto vários membros do Conselho, incluindo Estados Unidos e Reino Unido, pediram uma prorrogação de um ano, a Rússia insistiu em apenas seis meses e rejeitou o compromisso de nove meses proposto pela Suíça e pelo Brasil.

Na sede da ONU em Nova York, a Rússia não conseguiu reunir votos suficientes para adotar a extensão de 6 meses, que só obteve o apoio da China.

A embaixadora americana na organização, Linda Thomas-Greenfield, qualificou o veto como “ato de crueldade absoluta”.

O representante russo, Vassili Nebenzia, acusou os países do Ocidente de um “total desprezo” pelos interesses do povo sírio e os acusou de provocar “artificialmente” o veto de seu país.

Os 15 membros do Conselho tentavam há dias chegar a um acordo para estender o mecanismo, que desde 2014 permite levar alimentos, água e medicamentos da Turquia aos habitantes do noroeste da Síria, sem a autorização de Damasco.

A travessia atende mais de 80% das necessidades das pessoas que vivem nas regiões controladas por rebeldes: desde fraldas e cobertores a grãos-de-bico. O governo de Damasco costuma denunciar os envios de ajuda como violação de sua soberania.

Há anos, a Rússia mina o mecanismo de ajuda humanitária, cujo futuro é incerto, já que não pode retomar suas operações até que as Nações Unidas autorizem.

Floriane Borel, da Human Rights Watch, disse que “a entrega de ajuda deve basear-se nas necessidades, não em política”.

Originalmente, o acordo permitia quatro pontos de entrada à Síria controlada por rebeldes, e agora é possível atravessar apenas o cruzamento de Bab al-Hawa. O mecanismo de ajuda precisa ser renovado a cada seis meses devido à pressão de Moscou, aliado de Damasco.

Segundo a ONU, mulheres e crianças são a maioria entre os que necessitam de ajudam humanitária para sobreviver após anos de conflito, crise econômica, epidemias e a pobreza em crescimento, agravada por terremotos devastadores.

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