Com a herança da época soviética, a Rússia vinha se consolidando como uma das principais potências do atletismo mundial, terminando em segundo lugar no quadro de medalhas do esporte nos Jogos Olímpicos de Londres, até ser excluída da edição do Rio de Janeiro por conta de um esquema de “doping organizado”.

Na capital inglesa, o atletismo russo somou nada menos de 17 medalhas, oito delas de ouro, quase o quinto do total do país, 82.

Na verdade, duas delas já foram retiradas: as de Sergey Kirdyapkin (50 km marcha atlética) e Yuliya Zaripova (3000 m com obstáculos) sendo flagrados em novas análises realizadas anos depois. Outros casos ainda podem surgir num futuro próximo.

No total, quase a metade desses medalhistas tiveram os nomes citados em casos de doping.

Depois do fim da União Soviética, a Rússia participou de cinco edições dos Jogos, o suficiente para conquistar 24 ouros no atletismo, para um total de 74 pódios (25 pratas e 25 bronzes).

Os Estados Unidos lideraram o quadro de medalhas do esporte em todas essas edições, mas os russos se firmaram claramente como a segunda força. A única vez que não terminaram na vice-liderança do atletismo foi em 2000, em Sydney, quando somaram ‘apenas’ três ouros, 4 pratas e seis bronzes.

– Brilho ofuscado –

Em todo esse período, o atletismo russo também abocanhou 51 títulos mundiais.

O Agência Mundial Antidoping (WADA), porém, apontou várias irregularidades nos Mundias da modalidade, principalmente na edição de 2013, realizada na Rússia.

Não é por acaso que o rendimento caiu no Mundial de 2015, em Pequim, quando o escândalo de doping sistemático já tinha estourado. Foi um verdadeiro fiasco, com apenas quatro medalhas, duas delas de ouro.

Dois anos antes, quando competiam em casa, os atletas russos lideraram o quadro de medalhas, com 17 pódios (7 ouros, 4 pratas e 6 bronzes).

A decisão do Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), que nesta quinta-feira rejeitou o recurso contra a suspensão da Rússia de todas as competições internacionais de atletismo, tirou de fato duas estrelas dos Jogos do Rio.

A ‘Czarina’ Yelena Isinbayeva, bicampeã olímpica (2004 e 2008) e recordista mundial do salto com vara, disse adeus ao sonho do tri. Já o jovem Serguei Shubenkov, de 25 anos, atual campeão mundial dos 110 m com barreiras, não poderá confirmar seu potencial.

Nenhum dos dois teve o nome citado em um caso de doping, mas ambos pagam pelas práticas de todo um país.

–Lista das medalhas conquistadas pela Rússia nos Jogos de Londres-2012:

OURO (8, 2 cassados):

– Sergey Kirdyapkin, 50 km marcha atlética (suspenso de forma retroativa em janeiro de 2015 por conta de anomalias no seu passaporte biológico. Teve sua medalha retirada)

– Yuliya Zaripova, 3000 m com obstáculos (suspensa por dois anos por doping em janeiro de 2015, por conta de anomalias no seu perfil sanguino. Sua medalha foi retirada)

– Mariya Savinova, 800 m (a Wada pediu seu banimento para sempre do esporte, mas ela ainda figura oficialmente entre as medalhistas dos Jogos de 2012)

– Ivan Ukhov, salto em altura

– Tatyana Lysenko, lançamento de martelo

– Natalya Antyukh, 400 m com barreiras (também conquistou a prata no revezamento 4×400 m)

– Anna Chicherova, salto em altura (foi suspensa pela IAAF por conta de uma nova análises de amostras coletadas nos Jogos de Pequim-2008, quando conquistou o bronze)

– Elena Lashmanova, 20 km marcha atlética (suspensa por 2 anos depois de ter sido flagrada por Enduborol em janeiro de 2014)

PRATA (3):

– Revezamento 4×400 m (Antonina Krivoshapka e Tatyana Firova foram flagradas em nova análises de amostras coletadas durante os Jogos de Pequim-2008)

– Yelena Sokolova, salto em distância

– Yevgeniya Kolodko, arremesso de peso

BRONZE (6):

– Ekaterina Poistogova, 800 m (como aconteceu com Savinova, a Wada pediu seu banimento para sempre do esporte, mas ela ainda figura oficialmente entre as medalhistas dos Jogos de 2012)

– Svetlana Shkolina, salto em altura

– Tatiana Tomashova, 1500 m

– Yelena Isinbayeva, salto com vara

– Tatiana Petrova Arkhipova, maratona

– Tatiana Chernova, (suspensa por dois anos por doping em janeiro de 2015, por conta de anomalias no seu perfil sanguino)