Na esteira do grande escândalo de dopagem que segue abalando a Rússia, um grupo global de 19 líderes de entidades nacionais antidoping está pedindo para a que o país seja punido com a exclusão de competições internacionais. Ao mesmo tempo, o grupo enfatiza que apoia a participação de atletas russos em eventos nos quais os mesmos possam competir individualmente, sem que representem a bandeira da nação, desde que provem que foram fiscalizados por programas internacionais eficazes de combate ao doping.

Entre os 19 líderes que lideram organizações antidoping estão os de nações como Estados Unidos, Grã-Bretanha e Suécia, sendo que eles se reuniram nesta semana e na última terça-feira fizeram o pedido de punição à Rússia.

Os líderes destas entidades nacionais também pedem que as competições de primeiro nível do esporte sejam retiradas dos russos, que em 2018 abrigarão a próxima edição da Copa do Mundo de futebol.

A nova consequência negativa para a Rússia acontece depois da revelação do relatório final preparado pelo investigador Richard McLaren, a pedido da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), no mês passado, quando apontou que mais de mil atletas russos foram beneficiados por manipulações no controle de dopagem entre 2011 e 2015, num esquema que envolveu uma “conspiração em uma escala sem precedentes” entre federações esportivas, agências antidoping e o próprio governo russo.

No início deste mês, a Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) anunciou que permitirá a participação de atletas russos em competições internacionais, como “neutros”, desde que eles cumpram uma série de pré-requisitos. É a primeira vez que essa possibilidade é levantada desde a suspensão da Federação Russa de Atletismo, a ARAF, em novembro de 2015.

O principal dos requisitos é o de que o atleta demonstre que não está diretamente implicado de qualquer forma com “o fracasso da ARAF em colocar em prática um adequado sistema de proteção dos atletas limpos”.

E os líderes das organizações antidoping nacionais recomendaram nesta terça-feira que este mesmo tipo de processo implementado pela IAAF seja colocado em prática em todos os esportes com a participação de atletas da Rússia.

Por meio de um comunicado divulgado em conjunto pelo grupo que formaram, os líderes também ressaltaram que “é imperativo que os responsáveis pelo sistema (ilegal de doping) apoiado pelo Estado na Rússia prestem contas” e sejam punidos.

‘ENTRE OS MAIS LIMPOS’ – Ao rebater o pedido de exclusão da Rússia feito na última terça-feira, o vice-primeiro-ministro russo, Vitaly Mutko, afirmou nesta quarta que os esportes do seu país estão “entre os mais limpos do mundo” atualmente no combate ao doping.

A autoridade, que supervisiona a política esportiva russa, acusou essas agências antidoping de outras nações de se intrometerem de forma errada na condução do esporte da Rússia e que as mesmas “deveriam estar analisando urina” de seus respectivos atletas. Mutko deu a declaração polêmica em entrevista à agência russa RSport.