As autoridades russas revelaram, nesta segunda-feira, a natureza da contaminação provocada por uma explosão na base de lançamento de mísseis de Nionoska, que provocou em 8 de agosto uma breve alta da radioatividade.

A agência de vigilância ambiental russa, Rosguidromet, encontrou nas amostras recolhidas na cidade de Severodvinsk – perto da base onde aconteceu o acidente – isótopos radioativos de estrôncio, bário e lantânio.

Segundo um especialista citado pela agência russa Ria Novosti, esses isótopos são o produto de uma fissão nuclear.

O acidente, causado segundo as autoridades por testes de “novos armamentos”, matou cinco funcionários da agência nuclear russa Rosatom.

Após o acidente, o ministério da Defesa garantiu que “não há contaminação radioativa”, mas o município de Severodvinsk alegou ter “registrado um aumento de curto prazo na radioatividade”, antes de retirar esta publicação.

O ministério da Defesa havia declarado apenas que os fatos ocorreram durante o teste de um “motor-foguete de propulsor líquido”, mas não descreveu o acidente como envolvendo combustível nuclear.

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A ONG Greenpeace estimou nesta segunda-feira que as novas informações reveladas pela Rosguidromet eram “insuficientes” para avaliar os riscos potenciais à saúde dos habitantes da região. A organização pediu amostras do mar, e não apenas do ar, pois a explosão ocorreu em uma “plataforma marítima”, de acordo com a versão oficial.

Segundo a organização, essas informações também provam que a explosão não está relacionada à “fonte de energia isotópica” do motor do míssil como informado pela Rosatom, mas “provavelmente a um reator nuclear”.

Os isótopos radioativos citados pela Rosguidromet nesta segunda têm um período de meia-vida, durante o qual metade de seus núcleos se desintegra, variando de várias horas a quase treze dias. Eles então se transformam em gás radioativo inerte.

“Esses gases radioativos são a causa do breve aumento” da radioatividade registrada após a explosão, segundo Rosguidromet.

A agência havia relatado que mediu níveis de radioatividade até 16 vezes maior que a radiação natural após a explosão, antes de retornar ao normal duas horas e meia depois.

As autoridades russas também reconheceram que um médico que havia participado do tratamento dos feridos após a explosão havia sido contaminado com o isótopo radioativo césio 137, mas negou que seu caso estivesse relacionado ao acidente.


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