A Rússia anunciou, nesta segunda-feira (8), a retirada de centenas de habitantes de Belgorod, uma medida sem precedentes em quase dois anos de conflito para esta cidade russa perto da fronteira com a Ucrânia, que nos últimos dias tem sido alvo de bombardeios das forças de Kiev.

Na Ucrânia, pelo menos quatro pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em uma nova série de bombardeios russos que atingiram várias regiões, informaram o gabinete presidencial e as autoridades locais.

O governador da região de Belgorod, Viacheslav Gladkov, informou que 300 moradores foram retirados temporariamente, depois que a Rússia propôs, na sexta-feira, a retirada dos habitantes da cidade diante da intensificação dos bombardeios ucranianos.

“Eles estão sendo alojados em centros de recepção temporários em Stari Oskol, Gubkin e no distrito de Korochanski”, mais distante da fronteira, disse Gladkov no Telegram.

Gladkov afirmou que nas últimas 24 horas recebeu 1.300 pedidos para enviar menores de Belgorod para acampamentos escolares em outras regiões.

Esta é uma medida sem precedentes para uma grande cidade russa desde que Moscou iniciou a sua ofensiva na Ucrânia, em fevereiro de 2022. Constitui também um golpe nos esforços do Kremlin para manter uma aparência de normalidade e afirmar que o conflito não afeta diretamente a vida cotidiana e a segurança dos russos.

O bombardeio ucraniano em Belgorod deixou 25 mortos em 30 de dezembro, um ataque que causou o maior número de vítimas civis na Rússia desde o início do conflito. Este ataque ucraniano à Rússia ocorreu após um bombardeio massivo das forças de Moscou em grandes cidades ucranianas, que deixou dezenas de mortos.

Após o bombardeio contra Belgorod, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que intensificará os ataques contra a Ucrânia, quase dois meses antes das eleições na Rússia, nas quais participa como favorito, quase sem oposição, com a certeza de que irá ganhar um novo mandato.

Diante da intensificação dos bombardeios, o município de Belgorod recomendou na sexta-feira, pela primeira vez, que os moradores protejam suas janelas para se protegerem da queda de vidros em caso de ataque.

Além disso, as autoridades regionais adiaram o início das aulas em Belgorod e cidades vizinhas de 9 para 19 de janeiro.

– “Dezenas de mísseis” –

Na Ucrânia, a força aérea informou que derrubou 18 mísseis de um total de 51 projéteis lançados pela Rússia contra “infraestruturas importantes” em diversas regiões do país.

Também relatou que as defesas antiaéreas derrubaram oito drones Shahed de fabricação iraniana.

As forças russas lançaram “dezenas de mísseis contra cidades e localidades pacíficas na Ucrânia”, lamentou nesta segunda-feira o vice-chefe do gabinete presidencial, Oleksii Kuleba, que informou 33 feridos.

Os mísseis russos que atingiram um centro comercial em Krivoy Rog, cidade natal do presidente ucraniano Volodimir Zelensky, deixaram uma pessoa morta, disse ele.

Duas pessoas morreram em um bombardeio de mísseis na região de Khmelnitsky, uma área no oeste do país, longe do front, informou a polícia.

Na região de Kharkiv, ao leste, uma mulher idosa que foi retirada dos escombros de uma casa na cidade de Zmiyiv morreu, informou o governador regional, Oleg Sinegubov.

Há menos de uma semana, após um aumento significativo dos bombardeios russos, a Ucrânia alertou que tem munições suficientes apenas para resistir a mais alguns ataques de grande envergadura.

bur/pz/an/zm/aa