A Rússia acusou a Ucrânia do ataque que deixou 21 mortos neste sábado (30) em Belgorod, um dos mais letais para a população civil em território russo desde o início do conflito, em fevereiro de 2022.

O ataque ocorreu um dia depois dos bombardeios em larga escala que deixaram 39 mortos em território ucraniano.

O número de vítimas fatais em Belgorod é de 21 e os feridos passam de cem, segundo o balanço mais recente divulgado pelo ministério russo de Situações de Emergência.

“Assistimos às piores consequências dos bombardeios do Exército ucraniano nos últimos dois anos”, lamentou o governador da província, Viatcheslav Gladkov.

Em uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, solicitada pela Rússia, o embaixador russo nas Nações Unidas, Vasili Nebenzya disse que Kiev atacou um centro esportivo, uma pista de patinação e uma universidade.

“Foi um ataque deliberado e indiscriminado contra um alvo civil”, acrescentou Nebenzya.

Imagens publicadas na internet mostram automóveis em chamas, edifícios com janelas quebradas e colunas de fumaça preta na cidade.

A Ucrânia realiza regularmente ataques contra a Rússia, especialmente nas regiões mais próximas de seu território, mas o número de vítimas costuma ser muito menor.

O Ministério da Defesa da Rússia, por sua vez, garantiu que o ataque não ficará “impune” e o das Relações Exteriores acusou Kiev de atacar “de forma deliberada locais onde os civis se concentram”.

As forças russas conseguiram interceptar dois mísseis e “a maioria” dos foguetes lançados contra a cidade, acrescentou o Ministério da Defesa, o que evitou um número de mortes “infinitamente mais grave”. Contudo, vários foguetes e destroços de mísseis caíram sobre Belgorod.

O presidente russo, Vladimir Putin, foi “informado” do ataque contra “áreas residenciais” da cidade, declarou o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov, segundo as agências de notícias russas.

A Ucrânia, em contrapartida, ainda não reagiu às acusações russas sobre o bombardeio deste sábado.

Putin e o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, farão, no domingo, seus respectivos discursos de fim de ano.

Por outro lado, uma pessoa morreu e outras dez ficaram feridas em um bombardeio em Donetsk, uma das primeiras cidades do leste da Ucrânia controladas por rebeldes pró-russos desde 2014 e anexada por Moscou no ano passado, informaram as autoridades locais.

– Corpos sob os escombros –

A Ucrânia seguia contando seus mortos neste sábado, após os intensos bombardeios do dia anterior contra várias cidades do país, inclusive a capital Kiev.

A onda de ataques, uma das mais violentas desde o início da guerra há quase dois anos, teve como alvo edifícios, uma maternidade e um centro comercial, mas também infraestruturas industriais e militares.

Zelensky anunciou neste sábado que, “por ora, infelizmente 39 pessoas morreram” em todo o país, e acrescentou que por volta de 100 pessoas ficaram feridas.

“Cerca de 120 cidades e povoados foram afetados”, declarou, acrescentando que as operações de busca prosseguiam.

Apenas em Kiev, pelo menos 16 pessoas morreram nesta sexta, segundo a administração local.

Hoje, corpos continuavam sendo retirados dos escombros nessa cidade, onde os ataques letais tinham diminuído nos últimos meses.

Este ataque foi “o maior em termos de vítimas civis”, afirmou neste sábado o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, que declarou o 1º de janeiro como um “dia de luto”.

Segundo o porta-voz da Força Aérea ucraniana, Yuri Ihnat, trata-se do “ataque com mísseis mais intenso” do conflito, sem contar os primeiros dias da guerra.

Moscou lançou novos bombardeios neste sábado em território ucraniano, provocando três mortes nas províncias de Kherson, Zaporizhzhia e Chernihiv, e 20 feridos na cidade de Kharkiv (nordeste), incluindo um britânico, assessor de segurança de um grupo de jornalistas alemães, segundo o procurador-geral ucraniano.

– A ajuda se esgota –

A Ucrânia termina um ano difícil, marcado pelo fracasso de sua contraofensiva e pelo ressurgimento das forças de Moscou, que esta semana reivindicaram a captura da cidade de Marinka no front oriental.

Esta notícia é preocupante para Kiev, na medida em que a ajuda ocidental começa a perder força, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, o que aumenta o risco de esgotamento do fluxo de munições e dinheiro.

Neste sábado, Zelensky fez um novo apelo a seus aliados, garantindo que armar a Ucrânia é “uma maneira de proteger vidas”.

“Cada manifestação do terror russo mostra que não podemos esperar para oferecer assistência aos que estão lutando”, argumentou.

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