Rússia promete atuar sem piedade contra assassinos de filha de ideólogo pró-Kremlin

Rússia promete atuar sem piedade contra assassinos de filha de ideólogo pró-Kremlin

O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, afirmou nesta terça-feira (23) que não haverá nenhuma piedade para os assassinos da filha de um ideólogo nacionalista pró-Kremlin que morreu em um atentado no fim de semana e cujo funeral reuniu centenas de pessoas em Moscou.

“Foi um crime bárbaro para o qual não pode haver perdão (…) Não pode haver piedade para os organizadores, os patrocinadores e os executores”, disse Lavrov em uma entrevista coletiva.

O Serviço Federal de Segurança (FSB) da Rússia acusa o serviço secreto ucraniano de estar por trás do atentado, ma sa Ucrânia nega qualquer envolvimento na morte de Dugina.

Alexander Dugin, um defensor da invasão da Ucrânia que afirma ser próximo ao presidente russo Vladimir Putin, poderia ser o alvo do ataque que matou sua filha de 29 anos, de acordo com algumas versões da imprensa russa.

O funeral aconteceu em um salão do centro Ostankino TV de Moscou, onde uma foto de Dugina foi posicionada diante do caixão aberto.

Dugin e sua esposa sentaram ao lado do caixão da filha.

“Ela morreu pelo povo, pela Rússia, no front. O front é aqui”, afirmou Dugin no início da cerimônia.

– “Nosso império” –

“Entre as primeiras palavras que ensinamos quando era criança estavam, obviamente, ‘Rússia’, ‘nosso poder’, ‘nosso povo’, ‘nosso império'”, declarou Dugin, tentando conter as lágrimas.

Dugina morreu no sábado na explosão de uma bomba instalada em seu veículo quando dirigia por uma avenida a 40 quilômetros de Moscou.

O FSB afirmou na segunda-feira que solucionou o crime – apenas dois dias após o ataque – e apontou uma mulher ucraniana como a responsável pela morte de Dugina.

De acordo com o FSB, a mulher alugou um apartamento no edifício em que Daria Dugina morava e compareceu no sábado a um festival cultural em que a jornalista e cientista política também estava presente.

“Não tenho nenhuma dúvida de que os russos investigarão o ataque. E não tenho nenhuma dúvida que os russos apresentarão certas conclusões”, disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price.

Dugin, de 60 anos, se tornou conhecido nos anos 1990, durante o caos intelectual que surgiu após a dissolução da União Soviética.

Ele foi um dissidente anticomunista nos últimos anos da URSS.

O intelectual de longa barba e ar de profeta afirma ter influência ideológica sobre Putin.

O chefe de Estado russo se tornou cada vez mais hostil em relação ao Ocidente e muitos consideram que Dugin tem alguma responsabilidade na mudança. Alguns analistas o chamam de “Rasputin de Putin” ou “cérebro de Putin”.

Vladimir Putin nunca o apoiou publicamente, mas na segunda-feira o Kremlin divulgou uma mensagem de pêsames do presidente, na qual denunciou o “crime vil” que matou Dugina.

Daria Dugina também era uma figura com grande presença em canais de televisão pró-Kremlin, como Russia Today e Tsargrad.