MOSCOU, 25 JUN (ANSA) – A Rússia iniciou nesta quinta-feira (25), em meio à pandemia do coronavírus Sars-CoV-2, a votação do referendo sobre a reforma constitucional que pode permitir a permanência do presidente Vladimir Putin no poder até 2036.   

A data oficial do sufrágio é 1º de julho, mas as autoridades decidiram abrir as urnas com uma semana de antecedência para evitar aglomerações nos colégios eleitorais.   

As cidades de Moscou e Nijni Novgorod também contam com votação online, mas os adversários de Putin dizem que o sistema é uma “fraude” para direcionar o resultado da consulta popular.   

O referendo estava previsto para 22 de abril, mas o governo, de forma relutante, foi forçado a alterar a data devido à pandemia – a Rússia é o terceiro país com mais casos do novo coronavírus (613 mil), atrás apenas de Brasil (1,2 milhão) e Estados Unidos (2,4 milhões), mas conta com um baixo número de mortes em relação ao total de contágios (8,6 mil), sem levar em conta a subnotificação.   

Putin está no poder desde 1999, quando assumiu o cargo de primeiro-ministro, e exerce atualmente seu quarto mandato como presidente: os dois primeiros foram entre 2000 e 2008, e os dois últimos compreendem o período de 2012 a 2024.   

Entre 2008 e 2012, Putin foi premiê na presidência de Dmitri Medvedev, mas era o líder “de facto” do país. A atual Constituição limita a dois o número de mandatos consecutivos como chefe de Estado, mas a reforma proposta pelo Kremlin altera esse teto para duas gestões no total.   

No entanto o texto também reinicia a contagem relativa ao atual presidente, permitindo que ele concorra a mais dois mandatos de seis anos e fique no poder até 2036.   

Além disso, a reforma também reforça a agenda conservadora de Putin e define o casamento como “união entre homem e mulher”, proibindo o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo. Em provocação ao Kremlin, a Embaixada dos EUA em Moscou hasteou nesta quinta uma bandeira do orgulho LGBT em sua sede. (ANSA