Rússia envia energia de Zaporizhzhia apenas para áreas ocupadas

ROMA, 26 AGO (ANSA) – A Rússia parou de enviar eletricidade da central nuclear de Zaporizhzhia para “áreas controladas por Kiev”, fazendo o fornecimento apenas para as cidades que estão sob ocupação russa, informou um dos membros do conselho civil-militar, Vladimir Rogov, à mídia do país nesta sexta-feira (26).   

“Há quatro linhas [de energia] e três delas foram desativadas por bastante tempo porque havia ataques intensos o tempo todo.   

Ontem, a quarta linha foi destruída e é simplesmente impossível transferir energia para a margem direita do [rio] Dnieper”, disse Rogov à emissora “Rossiya-1” em fala republicada pela agência Tass.   

A fala contradiz em partes às afirmações dadas por Moscou nesta quinta-feira (25), de que o sistema havia sido religado à rede nacional de energia da Ucrânia. O governo ucraniano não se manifestou oficialmente.   

Rogov voltou a dizer que os ataques contra a área nuclear têm sido realizados apenas por Kiev. Por sua vez, os ucranianos afirmam que as ações militares são todas russas. É impossível verificar de maneira independente quem está fazendo os lançamentos de mísseis ou se são as duas nações que estão agindo dessa forma.   

A situação da central nuclear, a maior da Europa, causa bastante preocupação na comunidade internacional por conta dos temores de um desastre de enormes proporções.   

Apesar de ficar na Ucrânia e ainda ser operada por técnicos de Kiev, a estrutura está sob controle das tropas russas desde o início de março. Imagens obtidas pela “CNN” recentemente mostram que os russos têm usado o espaço também para levar carros armados e estocar armamentos.   

AIEA – Nesta sexta, Kiev voltou a acusar Moscou de impedir que os técnicos da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) façam uma missão de inspeção na central nuclear de Zaporizhzhia, em visitas que estão suspensas desde o início da guerra, em fevereiro.   

Segundo a conselheira do Ministério da Energia, Lana Zerkal, em entrevista ao “Kyiv Independent”, as tropas russas estão fazendo ações para impedir que o comboio se dirija à central.   

Por outro lado, Rogov informou à Tass que os “detalhes da rota” que os membros da AIEA vão fazer para a visita à planta – que ainda não tem data confirmada – está sendo mantida sob sigilo “por questões de segurança”.   

“Há muitas opções de rotas, que não serão reveladas no interesse da segurança da equipe”, acrescentou ainda.   

Já o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, afirmou que a possível liberação para que técnicos do órgão ligado à ONU visitem a usina pode abrir caminho para que haja uma “presença permanente” nas instalações.   

“É uma missão difícil. Viajar em uma zona de combates não é algo fácil para os especialistas. Por isso, é necessário garantir a segurança e tudo deve ser feito em coordenação com os dois países e esperamos também o apoio das Nações Unidas.   

Tecnicamente, os parâmetros da missão devem ser determinados e deve ser tomada uma decisão sobre o que poderemos fazer – e talvez até estabelecer uma presença permanente da AIEA no sítio”, pontuou Grossi. (ANSA).