Por Pavel Polityuk e Oleksandr Kozhukhar

KIEV/LVIV, Ucrânia (Reuters) – A Rússia disse que assumiu o controle do porto de Mariupol na quarta-feira, e que mais de mil fuzileiros navais ucranianos haviam se rendido na cidade ucraniana no sudeste cuja captura liberaria forças para uma ofensiva mais ampla.

A captura do distrito industrial de Azovstal, onde os fuzileiros tem estado posicionados, garante aos russos o controle total de Mariupol, principal porto ucraniano no Mar de Azov, o que possibilita reforçar um corredor terrestre no sul do país, e expandir a ocupação para o leste do país.

Cercada e bombardeada por tropas russas há semanas e foco de alguns dos combates mais pesados da guerra, Mariupol seria a primeira cidade importante do país a cair desde o início da invasão russa da Ucrânia, no dia 24 de fevereiro.

O Ministério da Defesa da Rússia disse que 162 oficiais estão entre os 1.026 soldados da 36ª Brigada de Fuzileiros Navais que se renderam às forças russas e pró-separatistas próximas à companhia metalúrgica Illich Iron and Steel Works, em Azovstal.

Canais de televisão russos mostraram fotos que seriam de fuzileiros se entregando, muitos deles feridos.

O Ministério da Defesa disse posteriormente que o porto marítimo comercial de Mariupol estava sob controle total e que as forças ucranianas remanescentes estavam bloqueadas e sua fuga estava impedida, noticiou a agência de notícias Interfax.

O Estado Maior da Ucrânia disse que as Forças Russas estão atacando Azovstal e o porto, mas um porta-voz do Ministério da Defesa disse que não tem informações sobre qualquer rendição.

Jornalistas da Reuters que acompanham separatistas apoiados pela Rússia viram chamas subindo a partir da área de Azovstal na terça-feira, um dia depois de a 36ª Brigada de Fuzileiros dizer que suas tropas ficaram sem munição.

O líder checheno Ramzan Kadyrov, um apoiador fervoroso do presidente russo Vladimir Putin, pediu que os ucranianos remanescentes em Azovstal se rendam.

“Dentro de Azovstal no momento há cerca de 200 feridos que não podem receber qualquer assistência”, disse Kadyrov em uma publicação no Telegram. “Para eles e para todo o restante seria melhor encerrar essa resistência sem sentido e ir para casa para suas famílias.”

Acredita-se que dezenas de milhares de pessoas foram mortas em Mariupol e a Rússia está acumulando milhares de tropas na área para uma nova ofensiva, afirmou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy.

“Destruímos mais armamentos e equipamentos militares russos do que alguns exércitos da Europa possuem atualmente. Mas isso não é o suficiente”, disse Zelenskiy em um vídeo postado online, acrescentando que se a Ucrânia não receber mais tanques, jatos e sistemas de mísseis, outros países da Europa serão os próximos alvos da Rússia.

(Reportagem adicional de Elizabeth Piper em Kiev, Max Hunder em Londres e redações da Reuters)

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