A Rússia deverá reorganizar seu setor de energia diante das sanções europeias – declarou o presidente Vladimir Putin nesta terça-feira (17), considerando que a União Europeia será a primeira a sofrer por abrir mão dos hidrocarbonetos russos.

Em uma reunião dedicada ao setor petrolífero, o presidente russo ressaltou que, ao prescindir dos recursos energéticos russos, a Europa passa a ser a região onde estes preços se tornam “mais elevados”.

“Cometer tal suicídio econômico é, obviamente, problema deles”, disse. “Devemos agir de maneira pragmática, levando em conta, em primeiro lugar, nossos próprios interesses”, frisou.

“O resultado das ações caóticas de nossos parceiros foi um aumento nas receitas do setor dos hidrocarbonetos”, observou Putin, embora as mudanças no mercado de petróleo sejam de natureza “tectônica”.

“É pouco provável que possamos fazer negócios como antes”, reconheceu.

“Nas novas condições, é importante não apenas extrair o petróleo, mas também construir toda a cadeia até o consumidor final”, ressaltou o presidente.

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Putin assegurou que o Estado fará “tudo o que for necessário para mudar o modelo de negócios, melhorar a logística, ou até permitir pagamentos em moeda nacional”, áreas nas quais as sanções ocidentais enfraqueceram a economia russa.

Para cumprir as exigências de Moscou, a petrolífera italiana Eni anunciou hoje a abertura iminente de uma conta em euros e outra em rublos no banco russo Gazprombank para pagar o fornecimento de gás russo.

“A obrigação de pagamento pode ser cumprida com a transferência de euros”, e esse procedimento “não deve ser incompatível com as sanções” impostas pela União Europeia contra a Rússia em resposta à invasão da Ucrânia, informou a Eni em um comunicado.

Segundo a empresa, as autoridades russas confirmaram que “o faturamento e o pagamento continuarão sendo feitos em euros” – a moeda acordada nos contratos -, e “um operador da Bolsa de Valores de Moscou fará a conversão em rublos dentro de 48 horas, sem a intervenção do Banco Central da Rússia”.

A decisão do grupo italiano, controlado em 30,3% pelo Estado, parece ir contra as recomendações da Comissão Europeia de que a abertura de uma conta em rublos violaria as sanções e daria origem a um processo de infração por parte de Bruxelas.

Desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, em 24 de fevereiro, os 27 Estados-membros da UE se esforçam para reduzir sua dependência dos hidrocarbonetos russos. Até agora, porém, não conseguiram chegar a um acordo sobre uma cessação gradual das compras de petróleo russo.


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