ROMA, 25 MAI (ANSA) – Um dia após divulgar que permitiria a saída de navios estrangeiros do porto bloqueado de Mariupol, o governo russo informou nesta quarta-feira (25) que está pronto para dialogar com todos os parceiros internacionais sobre o fornecimento de grãos da Ucrânia.   

Segundo o vice-chanceler russo, Andrey Rudenko, Moscou também está preparado para fornecer um “corredor humanitário” para navios que transportam alimentos do território ucraniano.   

Os portos do Mar Negro, na Ucrânia, foram bloqueados no início da guerra, em 24 de fevereiro, e, de acordo com autoridades do país, mais de 20 milhões de toneladas de grãos estão presas.   

A Organização das Nações Unidas (ONU) e o Ocidente afirmaram que a falta de exportações significativas de grãos está contribuindo para uma crescente crise alimentar global.   

Questionado se a Rússia se oporia a uma possível mediação ocidental para escoltar as embarcações de grãos dos portos ucranianos, Rudenko explicou que isso “agravaria seriamente a situação no Mar Negro”.   

Apesar do governo de Vladimir Putin anunciar a abertura de corredores para a saída dos navios, fontes da União Europeia (UE) disseram que “as palavras têm pouca credibilidade”. “Tudo o que vem do Kremlin hoje tem muito pouca credibilidade, todo anúncio não pode ser considerado credível se não for seguido de ações concretas”, afirmaram.   

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De acordo com o bloco, “são as ações ilegais da Rússia que criaram esta crise, tanto energética quanto alimentar”.   

O ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, inclusive, lembrou que “a guerra na Ucrânia pode gerar outras guerras pelo que pode acontecer nos mercados do ponto de vista alimentar e energético”.   

Além disso, o chanceler italiano enfatizou que “a insegurança militar após a pandemia já afetou mais 100 milhões de pessoas no mundo, e a isso soma-se o conflito na Ucrânia com o bloqueio das exportações de cereais”.   

“Em alguns países africanos, a dieta é estritamente dependente do pão e a instabilidade alimentar está a causar instabilidade política”, ressaltou Di Maio, lembrando que “nestas horas alguns navios comerciais começam a ser liberados para levar parte do trigo ucraniano dos portos do país”.   

A medida divulgada por Moscou foi comemorada pelo ex-ministro do Interior da Itália Matteo Salvini, que disse que “o retorno ao diálogo e à diplomacia vale mais do que qualquer arma”.   

Em entrevista ao Tgcom 24, o presidente do Comitê Parlamentar para Segurança da República (Copasir) da Itália, Adolfo Urso, explicou que, “se a Rússia continuar a bloquear cereais e fertilizantes da Ucrânia, da própria Rússia e de Belarus, isso terá consequências imediatas, porque muitos países africanos dependem desses produtos para sua alimentação”.   

“É uma tentativa de desencadear uma crise alimentar para colocar esses países em crise e aumentar a pressão migratória para a Itália e Europa”, acrescentou Urso.   

Um relatório divulgado pela inteligência britânica revelou que os preços de muitos produtos básicos, como o trigo, aumentarão ainda mais devido à guerra na Ucrânia.   

O conflito já colocou os preços globais dos grãos sob pressão, embora indiretamente, e a tendência está destinada a continuar à medida que a ameaça do bloqueio naval russo permanece dificultando a entrada de navios de carga nos portos ucranianos.   

Hoje, durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, declarou que, “para garantir a exportação de cereais da Ucrânia, estão em curso conversações para criar corredores protegidos pela assistência militar”.   

“Pode ser a forma mais rápida de desbloquear o abastecimento ucraniano”, disse Dombrovskis, acrescentando que “nada impede a Rússia de exportar seus cereais”. “É uma manipulação russa”.   


(ANSA)


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