Um tribunal de Moscou condenou, nesta quarta-feira (26), Ilya Sachkov, fundador da empresa Group-IN, joia russa do setor de cibersegurança, a 14 anos de prisão por “alta traição”, segundo uma jornalista da AFP presente na audiência.

“O tribunal declarou Sachkov culpado em virtude do artigo 275 do Código Penal russo (traição) e o condenou a 14 anos de prisão com uma pena a ser cumprida em uma colônia penitenciária de regime severo”, afirmou o juiz Alexander Ribak ao final da deliberação.

“Vamos recorrer hoje”, reagiu imediatamente Ruslan Koblev, um dos advogados de Sachkov, para quem “esse assunto está politizado ao máximo”.

A Promotoria pediu 18 anos de prisão no julgamento, que foi realizado a portas fechadas, enquanto os advogados de Sachkov pediam sua absolvição.

Na audiência, Sachkov, de 37 anos, usava jeans e uma camiseta preta. Estiveram presentes a sua mãe e a sua companheira, assim como várias pessoas que o apoiam.

Ilya Sachkov havia sido detido em setembro de 2021, mas poucos detalhes foram revelados sobre o caso, já que as investigações de “alta traição” foram arquivadas secretamente na Rússia.

De acordo com a acusação nesta quarta-feira, Sachkov “coletou informações em 2011, seguindo as instruções de (um) serviço de inteligência estrangeiro”.

“Desde o primeiro dia, temos total confiança na inocência de Ilia”, disse o Grupo-IB em um comunicado, fundado em 2003 por Sachkov e que se tornou uma das empresas mais reconhecidas no campo da prevenção de ataques cibernéticos, que trabalha com muitas empresas ocidentais.

Em uma carta aberta publicada em novembro de 2021, Sachkov afirmou não ser “nem um traidor nem um espião”, mas um “engenheiro russo” que “repetidamente” demonstrou sua “lealdade” à sua pátria.

Em fevereiro de 2019, ele foi condecorado pelo presidente Vladimir Putin por seu “avanço inovador” na detecção e prevenção de ameaças cibernéticas, de acordo com o site do Kremlin.

Os casos de alta traição se multiplicaram nos últimos anos na Rússia, paralelamente ao aumento das tensões com os ocidentais, principalmente contra cientistas e acadêmicos universitários.

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