A Agência Antidoping da Rússia (Rusada, na sigla em inglês) aproveitou a ‘anistia’ anunciada na quarta-feira pela Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) para revogar as suspensões que haviam sido impostas a diversos atletas russos flagrados em exame antidoping com a presença da substância proibida Meldonium em seus organismos.

Nesta sexta-feira, uma série de suspensões já foram revogadas. São os casos dos ciclistas Anastasia Chulkova e Pavel Yakushevsky, de Nadezhda Kotlyarova, Olga Vovk, Gulshat Fazletdinova e Andrei Minzhulin, todos do atletismo, de Pavel Kulikov, do skeleton, e de Nadezhda Sergeeva, do bobsled. Todas as revogações foram confirmadas à agência de notícias russa Tass por fontes oficiais. Na Geórgia, seis atletas da seleção de luta foram liberados.

Na quarta, a Wada declarou que suspensões provisórias podem ser canceladas se ficar determinado que um atleta consumiu Meldonium antes de a substância ter sido colocada na lista de proibidas da agência, em 1º de janeiro. Em um comunicado enviado às agências nacionais antidoping e às federações internacionais esportivas, a entidade explicou que “existem dados limitados” sobre o tempo que leva para o corpo estar “limpo”, sem o Meldonium.

Tudo dependerá, portanto, da concentração da substância encontrada nos exames antidoping. “Nos casos de exames de doping que contenham menos de 1 micrograma de Meldonium e tenham sido realizados até 1º de março, eles serão equiparados com as ocorrências com esta droga que ocorreram antes de 1º de janeiro”, explicou a Wada em seu comunicado.

A entidade responsável pela realização do exame antidoping é também a responsável pelo julgamento do atleta flagrado com resultado adverso. A Federação Internacional de Tênis (ITF), por exemplo, já confirmou que manterá o julgamento da tenista Maria Sharapova, também russa. Ela continua suspensa.

Já a Rusada preferiu liberar os atletas para treinar e/ou competir, de acordo com o caso. A entidade segue o posicionamento defendido pelo governo russo, que defende que o consumo do Meldonium antes de a substância entrar na lista de proibidas pelo Código Mundial Antidoping, em 1.º de janeiro, não configura doping. A maioria absoluta dos cerca de 30 atletas que tiveram casos de doping por Meldonium revelados até agora alegaram que não consumiram a substância em 2016.

O Meldonium, também conhecido como Mildronato, é uma substância produzida na Letônia para melhorar fluxo sanguíneo e que ajuda a aumentar a resistência, sendo mais comum em países do Leste Europeu e que fizeram parte da União Soviética. Na Rússia, que concentra vários dos casos de doping envolvendo a substância, é formalmente recomendado para problemas cardíacos e era bastante utilizado por atletas de diversas modalidades.