Num contexto de sanções econômicas e relações diplomáticas tensas com o Ocidente, a Rússia tenta, a partir desta quinta-feira, no Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, buscar investimentos estrangeiros, vitais para a sua economia.

O fórum anual, que começou como o “Davos russo”, tornou-se nos últimos anos uma plataforma para o Kremlim lançar a imagem de uma economia aberta aos investidores, apesar das relações cada vez mais tensas entre o presidente Vladimir Putin e os países ocidentais.

Enquanto os Estados Unidos e a Grã-Bretanha continuam afastados do fórum, neste ano a França foi representada pelo seu presidente, Emmanuel Macron, enquanto o Japão enviou seu primeiro-ministro, Shinzo Abe, ambos encabeçando importantes delegações empresariais.

A economia russa está começando a se recuperar após dois anos de recessão provocada pelas sanções internacionais relacionadas com a crise no leste da Ucrânia e a queda dos preços do petróleo.

Putin, que acaba de ser reeleito, colocou a economia entre as prioridades do seu quarto mandato – uma das promessas é tornar a Rússia a quinta maior economia do mundo (hoje é a 12ª).

Essa meta exigiria um crescimento anual de 6%, garantiu nesta quinta-feira o ex-ministro de Finanças Alexéi Kudrin, em um colóquio.

“Precisamos de fontes de capital (…). Para isso, devemos tornar a economia mais transparente”, disse no mesmo colóquio a governadora do Banco Central russo, Elvira Nabiulina. “Os investimentos diretos têm que se tornar uma das principais fontes de crescimento”.

Christine Lagarde garantiu que a Rússia é um exemplo por sua boa saúde macroeconômica, sua situação orçamentária e sua baixa inflação. “Contudo, houve um tempo em que a Rússia tinha uma taxa de crescimento muito elevada, e agora é de entre 1,5% e 1,7%, segundo nossas previsões”, alertou.

Para reativar o crescimento, o ministro de Finanças, Anton Siluanov, atual número dois do governo, anunciou a criação, em 2019, de um fundo destinado a aumentar “maciçamente” os investimentos públicos em infraestruturas, que poderiam chegar a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) em seis anos.

– Relação com o Ocidente –

A Rússia precisa aumentar os investimentos estrangeiros, mas as relações com os países ocidentais pioraram nos últimos meses, com novas sanções americanas que afetam sua economia.

Os analistas também duvidam que seja factível o objetivo da Rússia de se tornar a quinta maior economia do mundo. Essa meta já tinha sido anunciada outras vezes por Putin, no poder há 18 anos.

“Os países ocidentais estão divididos. Há muita prudência e inclusive reticência por parte dos britânicos e americanos. Já os franceses e os alemãs têm uma presença forte”, disse à AFP Charles Robertson, analista da Renaissance Capital.

O fórum de São Petersburgo conta, neste ano, com dirigentes de grandes empresas, como Boeing, Total, L’Oréal, Danone, Schneider Electric e Toyota.

Para as multinacionais, a Rússia representa um mercado de 140 milhões de habitantes, no qual investiram maciçamente desde 1991, quando o país se abriu para a economia de mercado.