Os deputados da Rússia aprovaram, nesta terça-feira (17), a revogação da ratificação por parte de Moscou do tratado que proíbe os testes nucleares, o que representa o primeiro passo para que o país abandone um de seus compromissos internacionais na questão das armas atômicas.

A votação aconteceu depois de o presidente russo, Vladimir Putin, ter defendido, este mês, a revogação do tratado, mas sem dizer se a Rússia planeja retomar os testes atômicos.

Os legisladores da Câmara Baixa (Duma) aprovaram a revogação por unanimidade em primeira votação. O projeto deve passar por três votações na Duma e ser aprovado na Câmara Alta antes de seguir para a assinatura do presidente Putin.

O tratado internacional é um dos três principais acordos para o desarmamento nuclear, junto com o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), de 1968, e o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares promovido na ONU em 2017.

O presidente russo anunciou, no início de outubro, que seu país poderia “retirar seu acordo à ratificação” do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares (CTBT, na sigla em inglês), uma vez que nunca foi aprovado pelos Estados Unidos.

O objetivo deste tratado é proibir completamente os testes e explosões nucleares, depois de a antiga União Soviética, os Estados Unidos e outras potências nucleares terem realizado mais de 2.000 testes durante a Guerra Fria.

Estados Unidos e Rússia assinaram um acordo sobre o assunto em 1996, mas Washington nunca o ratificou posteriormente.

O presidente da Duma, Viacheslav Volodin, afirmou nesta terça-feira que “Washington tem de compreender, de uma vez por todas, que sua hegemonia não vai levar a nada de bom”.

Desde que a Rússia lançou uma ofensiva na Ucrânia, aumentaram as preocupações com o possível uso de armas nucleares no conflito, e os vínculos de Moscou com as potências ocidentais ficaram mais tensos.

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