Rússia ataca Ucrânia com 700 drones após Trump prometer enviar mais armas

Pessoas de abrigam em estação do metrô em Kiev 8/7/2025 REUTERS/Alina Smutko

A Rússia atacou a Ucrânia com um recorde de 728 drones durante a noite, logo depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu enviar mais armas defensivas para Kiev e fez uma crítica direta e incomum ao presidente russo, Vladimir Putin.

As unidades de defesa aérea ucranianas destruíram quase todos os drones, inclusive por meio de sistemas de interferência eletrônica, informou a Força Aérea da Ucrânia no aplicativo de mensagens Telegram.

O ataque, que ocorre após uma série de ataques aéreos crescentes contra a Ucrânia nas últimas semanas, mostrou a necessidade de sanções “mordazes” sobre as fontes de renda que a Rússia usa para financiar a guerra, incluindo aqueles que compram petróleo russo, disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, no Telegram.

Trump afirmou na terça-feira que estava considerando apoiar um projeto de lei no Senado que imporia sanções severas à Rússia, incluindo tarifas de 500% sobre as nações que compram petróleo, gás, urânio e outras exportações russas.

“Putin nos joga um monte de besteiras… Ele é muito simpático o tempo todo, mas acaba não fazendo sentido”, disse Trump em uma reunião de gabinete.

Quando perguntado por um repórter sobre que medidas ele tomaria contra Putin, Trump declarou: “Eu não diria a você. Queremos ter uma pequena surpresa.”

Separadamente, a Europa está trabalhando em um novo pacote de sanções contra Moscou.

Trump, que voltou ao poder este ano prometendo um fim rápido para a guerra na Ucrânia, mudou a retórica dos EUA, deixando de apoiar firmemente Kiev para aceitar algumas das justificativas de Moscou para a invasão em grande escala que lançou em 2022.

No entanto, as rodadas iniciais de negociações entre a Rússia e a Ucrânia deram poucos frutos até agora, com Moscou ainda não aceitando um cessar-fogo incondicional proposto por Trump e aceito por Kiev.

A promessa do presidente dos EUA de fornecer mais armas defensivas reverteu uma decisão do Pentágono, tomada dias antes, de suspender alguns suprimentos críticos de munição para a Ucrânia, apesar dos crescentes ataques russos que espalham o medo em Kiev.

Após a nova promessa de Trump, Zelenskiy disse na terça-feira que havia ordenado uma expansão dos contatos com os Estados Unidos para garantir entregas vitais de suprimentos militares, principalmente de defesa aérea.

O enviado de Trump para a Ucrânia, Keith Kellogg, deve chegar a Roma ainda nesta quarta-feira para participar de uma conferência internacional de ajuda à Ucrânia nos dias 10 e 11 de julho, com a presença de Zelenskiy e dos aliados europeus de Kiev.

Os moradores de Kiev e de outras grandes cidades passaram a noite em abrigos antiaéreos, incluindo estações de metrô.

Polônia

Parte do ataque noturno da Rússia teve como alvo uma região ocidental próxima à Polônia, membro da Otan. A cidade de Lutsk, no noroeste, a cerca de 200 km da Polônia, foi o principal alvo, disse Zelenskiy, listando outras 10 províncias do país onde também foram registrados danos.

Aeronaves polonesas e aliadas foram ativadas para garantir a segurança aérea, informou o Comando Operacional das Forças Armadas da Polônia.

Prédios foram danificados, mas não houve registro de mortes ou feridos no que foi o maior ataque aéreo da guerra em Lutsk, uma cidade de 200.000 habitantes, segundo as autoridades regionais.