O parlamento russo aprovou nesta quinta-feira uma lei que prevê a prisão de técnicos que incitem ou estimulem os seus atletas a usarem substâncias ilegais para ter melhor rendimento no esporte. A lei, aprovada por unanimidade, surge pouco depois da publicação de um polêmico e bombástico relatório preparado por Richard McLaren, advogado que foi o autor da investigação que revelou o esquema de doping endêmico e sistemático de estado na Rússia, cujo resultado foi o banimento de parte da delegação do país dos Jogos Olímpicos do Rio.

De acordo com a nova lei, os técnicos ou dirigentes esportivos que incentivarem seus atletas a consumirem estimulantes podem ser sentenciados a até um ano de prisão, ou a pagar uma multa de 300 mil rublos (cerca de US$ 4.700). A lei também estipula punições mais severas em casos nos quais o atleta é obrigado a tomar substâncias proibidas mediante ameaça ou violência, ou se o competidor adoecer em consequência disso. Para os atletas em si esta nova lei não prevê punição.

Alexander Zhukov, presidente de Comitê Olímpico Russo e que tem uma cadeira como membro do parlamento russo, afirmou nesta quinta-feira que a lei está adequada à posição do país de lutar de maneira forte contra o doping, “especialmente para treinadores que obrigam os atletas menores de idade a usar substâncias proibidas”.

Zhukov também enfatizou, por meio de comentários transmitidos pela agência de notícias estatal Tass, que esta lei “é uma resposta aos críticos no exterior que nos acusam de ter um esquema a nível governamental a favor do doping”.

A Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) já havia clamado para a que Rússia passasse a considerar a possibilidade de tipificar o doping como um crime, em uma iniciativa que seria uma das várias condições para a reintegração da Federação Russa de Atletismo às competições internacionais, das quais os atletas do país foram suspenso por causa do escândalo de dopagem envolvendo a Rússia.

O relatório inicial revelado pelo advogado Richard McLaren abalou a estrutura do esporte russo quando foi divulgado em julho. Foi este documento que comprovou que o esquema de doping na Rússia, que se acreditava focar apenas no atletismo, era generalizado e atingia mais de 20 modalidades olímpicas, entre esportes de verão e de inverno. Graças a ele, diversos atletas russos foram impedidos de competir na Olimpíada do Rio.