21/04/2022 - 10:28
ROMA, 21 ABR (ANSA) – O governo da Rússia anunciou nesta quinta-feira (21) que suas tropas conseguiram capturar a cidade portuária ucraniana de Mariupol, um dos municípios mais atacados durante a guerra e considerado um território estratégico para Moscou.
A declaração foi feita pelo ministro da Defesa de Moscou, Sergei Shoigu, que disse ao presidente Vladimir Putin que há ainda cerca de 2 mil soldados inimigos escondidos nos subterrâneos da fábrica Azovstal.
De acordo com Shoigu, eles, no entanto, “estão cercados e o perímetro da siderúrgica está bloqueado com segurança”. A operação deve durar de três a quatro dias.
Putin, por sua vez, ressaltou que a “libertação de Mariupol é um sucesso” e cancelou a operação contra Azovstal, uma das maiores usinas metalúrgicas da Europa.
Segundo a agência Interfax, o presidente disse que todos aqueles que se renderem aos soldados russos têm a garantia que suas vidas serão poupadas.
“Considero que o ataque proposto na zona industrial não é apropriado. Ordeno o cancelamento do ataque. Precisamos pensar na vida de nossos soldados e oficiais. Não há necessidade de entrar nestas catacumbas e rastejar no subsolo através das instalações industriais. Bloqueiem toda a área industrial para que nem mesmo uma mosca possa escapar”, afirmou Putin.
O ministro da Defesa explicou que, no momento do cerco de Mariupol pelas tropas russas, 8,1 mil combatentes ucranianos e mercenários estrangeiros foram contados na cidade.
A Ucrânia não confirmou a queda de Mariupol mas afirmou que as tropas russas não são capazes de conquistar o complexo, que conta com diversos túneis e passagens subterrâneas. Além disso, o conselheiro da Presidência da Ucrânia, Oleksiy Arestovych, afirmou que a Rússia desistiu de atacar porque os combatentes de seu país continuam resistindo. “Eles fisicamente não podem tomar o controle de Azovstal, eles entenderam isso após sofrerem grandes perdas lá”, disse.
Evacuação – Hoje, a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, exigiu que os russos garantam a evacuação de civis e soldados feridos de Mariupol. “A situação de segurança é difícil. Pode haver mudanças”, alertou ela, afirmando que as retiradas vão continuar.
Nas últimas 24 horas, 543 civis, incluindo 63 crianças, foram evacuadas de Mariupol para a autoproclamada República Popular de Donetsk. Desde 5 de março, um total de 21.045 pessoas foram retiradas da cidade portuária. Moscou, por sua vez, declarou que 142 mil cidadãos deixaram a cidade.
De acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, os militares ucranianos podem depor as armas e deixar Mariupol pelos corredores humanitários. “Os militares ucranianos tiveram e ainda têm a capacidade de depor suas armas e deixar a cidade pelos corredores designados”, disse ele em entrevista coletiva.
Desde o início da guerra, Mariupol tem sido duramente atacada pelas tropas russas, principalmente porque é considerada uma cidade estratégica pela Rússia por ter saída para o mar de Azov e estar entre as regiões separatistas de Donetsk e Luhansk e a da Crimeia, que foi anexada por Moscou em 2014. (ANSA)