O Exército russo “cumpriu” com a sua missão na Síria e o território foi “completamente libertado” do grupo Estado Islâmico (EI), assegurou a Rússia nesta quinta-feira (7), uma afirmação suavizada pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
“A missão do Exército russo, que consistia em derrotar o grupo terrorista armado Estado Islâmico, foi cumprida”, informou o ministério à imprensa, acrescentando que hoje “não há nenhuma localidade nem região da Síria sob o controle do Estado Islâmico”.
As forças apoiadas pela Rússia, principal aliado do governo de Damasco, lutavam contra os extremistas na margem ocidental do rio Eufrates, que divide na diagonal a província de Deir Ezzor (leste), enquanto as tropas apoiadas pelos Estados Unidos combatiam o EI na margem oriental.
A Síria “está completamente libertada dos combatentes dessa organização terrorista”, assegurou o general Sergei Rudskoi, do estado-maior russo. Segundo ele, nos últimos dias a Rússia realizou 250 bombardeios diários na região de Bukamal, a última localidade importante em poder do EI, perto do Iraque.
As forças especiais russas guiaram os ataques aéreos e “destruíram os líderes mais abomináveis dos grupos de combatentes por trás das linhas inimigas”, disse o general Rudskoi.
As tropas sírias ainda podem encontrar com “grupos de sabotadores do EI”, acrescentou.
– Bolsões de resistência –
O OSDH suavizou nesta quinta-feira o anúncio russo, lembrando que o EI ainda mantém bolsões de resistência no território sírio.
“Sua presença mais importante se situa na margem oriental do Eufrates, onde o grupo continua controlando 8% da província de Deir Ezzor”, afirmou o diretor da ONG, Rami Abdel Rahman.
A organização extremista também continua presente no nordeste das províncias de Hama e Homs (centro), e no bairro palestino de Yarmuk, em Damasco. Um grupo aliado do EI conserva posições no sul do país.
Segundo o OSDH, o EI não está mais na margem ocidental do rio. “As forças pró-regime dominam a metade ocidental da província (de Deir Ezzor), que vai desde Maadan (noroeste) até a fronteira iraquiana”, detalhou a ONG com sede no Reino Unido.
Na quarta-feira, a agência de notícias oficial Sana anunciou conquistas das forças do governo na província.
“As tropas do Exército sírio, em coordenação com forças aliadas, tomaram o controle da bacia do Eufrates em Deir Ezzor após eliminar os últimos terroristas do Daesh (acrônimo árabe do EI) no setor”, informou.
Essas duas ofensivas, a leste e a oeste do rio, contaram com o apoio da aviação russa.
– ‘Reconstruir a paz’ –
No âmbito diplomático, na oitava rodada de negociações intersírias que acontecem em Genebra até 14 de dezembro, o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, advertiu contra qualquer anúncio precoce de vitória contra o EI.
“Vencer o Daesh no terreno é uma coisa. Derrotar o Daesh e impedir que renasça sob outro nome e com novas pessoas exige um processo político crível e global, uma Constituição, eleições parlamentares e presidenciais com a supervisão da ONU”, declarou em coletiva de imprensa.
A delegação do governo sírio, que se juntará no domingo às conversas em Genebra após tê-las abandonado durante alguns dias, se mostra disposta a aceitar eleições supervisionadas pela ONU, mas se nega a abordar a possibilidade de que Bashar al-Assad abandone o poder.
O Exército russo afirmou, diretamente pelo general Rudskoi, que quer “concentrar seus esforços em ajudar o povo sírio a reconstruir a paz”.
A Rússia já havia anunciado em 21 de novembro o fim da “fase ativa da operação militar” na Síria.
Sua intervenção, lançada em 2015, mudou o curso da guerra ao permitir que o Exército tomasse a antiga cidade de Palmira das mãos do EI e expulsasse os rebeldes de seu reduto de Aleppo, no norte do país.