Ruptura é principal marca de início do novo governo Trump, diz cientista político

Ruptura é principal marca de início do novo governo Trump, diz cientista político

No primeiro dia de seu segundo mandato na Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump demonstrou que adotará a ruptura com as políticas tradicionais como agenda prioritária da gestão. Essa é a avaliação de Magno Karl, cientista político e diretor executivo do movimento Livres.

“Essa ruptura se dá tanto no cenário político em geral quanto em relação ao próprio Partido Republicano. As promessas de deportação em massa, reindustrialização, combate à inflação e abandono de acordos como o de Paris reforçam um afastamento das políticas que impulsionaram a globalização e do livre mercado, tradicionalmente associados ao partido desde os anos 1970″, afirmou ao site IstoÉ.

+O que a América Latina deve esperar de Trump 2.0?

Conforme prometeu em seu duro discurso de posse, Trump assinou uma série de decretos presidenciais e reverteu decisões de Joe Biden, seu antecessor na Casa Branca, já nas horas seguintes à diplomação.

Ainda na segunda-feira, 20, o republicano concedeu indulto a cerca de 1.500 pessoas que participaram da invasão e depredação do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, tirou os EUA da Organização Mundial da Saúde e do Acordo de Paris e declarou emergência na fronteira com o México, inaugurando a mobilização contra a imigração.

Para Karl, a premissa de Trump no retorno ao poder está alinhada à de outras lideranças da direita pelo mundo, a exemplo de Javier Milei, presidente da Argentina, e Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria. “Há um movimento global de direita populista e nativista, nascido de uma rejeição às transformações econômicas, como a desindustrialização, e culturais, como o aumento da migração“, afirmou.

Para o cientista político, essa mobilização política “busca dar voz ao desconforto de parcelas da população que se sentem excluídas ou ameaçadas por essas mudanças”.

“Apesar de diferenças econômicas — como o liberalismo econômico de Milei em contraste com o protecionismo de Trump —, há uma identificação comum na resistência ao que chamam de hegemonia cultural da esquerda“, concluiu.