Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – A Rumo, gigante do setor ferroviário, está “construtiva” com as perspectivas de exportação de milho do Brasil no segundo semestre, contando com uma safra maior do país e aumento da demanda de importadores que buscam preencher lacunas deixadas pela Ucrânia, disseram executivos nesta quinta-feira.

A companhia, que participa da movimentação de cerca de 30% de todos os volumes exportados de soja, farelo de soja e milho do Brasil, prevê um nível “bastante saudável” de embarques do cereal brasileiro, o que beneficia a empresa de logística ferroviária, disse o diretor comercial da Rumo, Pedro Palma, durante evento com investidores de sua controladora, a Cosan.

“Temos confiança no cenário de margens com market share…”, destacou ele, acrescentando que o uso das capacidades da Rumo tem impulso com a “normalização da safra” e da inflação do diesel para o transporte rodoviário, que concorre com o modal ferroviário.

A Rumo mostrou expectativa de produção da segunda safra em 78 milhões de toneladas (em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná), abaixo da previsão inicial por ocorrência de seca em áreas do Centro-Oeste, mas ainda 20 milhões acima do registrado no ano passado.

A companhia citou a maior disponibilidade da produção de milho do Sul, notadamente no Paraná, que deverá colher uma segunda safra recorde em 2022.

A exportação de milho das principais áreas de produção de segunda safra do país foi estimada pela Rumo em 31 milhões de toneladas, versus 18 milhões no ano passado, quando a seca e geadas ao sul afetaram as produtividades.

Umas das principais rotas de exportação de milho do Brasil é Santos, na qual a companhia responde por grande parte das cargas que chegam ao porto, lembrou o executivo.

MATO GROSSO

Para ampliar os negócios, a Rumo foca na chamada Ferrovia de Integração Estadual de Mato Grosso, que será construída em regime de autorização pela empresa.

“A ideia é construir alguns quilômetros este ano”, disse o presidente executivo da Cosan, Luis Henrique Guimarães, em entrevista online a jornalistas, após o evento.

Mais cedo, o CEO da Rumo, João Alberto Abreu, disse estar otimista com o início da obra, que depende agora da concessão de uma licença de instalação esperada para as “próximas semanas”.

A nova ferrovia vai partir de Rondonópolis (MT), onde a Rumo tem um terminal que se conecta com a Malha Paulista, já um corredor fundamental para o escoamento de produtos do agronegócio.

O primeiro trecho da ferrovia deverá ligar Rondonópolis até Campo Verde (MT), e posteriormente o projeto é de que a estrada de ferro tenha como destino final Lucas do Rio Verde, no médio-norte mato-grossense.

Segundo Abreu, o projeto deverá ser implementado de forma modular para preservar a flexibilidade financeira da empresa.

Guimarães detalhou que o primeiro trecho terá cerca de 200 km, e ressaltou que os custos de transportes alternativos a ferrovias estão subindo, o que beneficia o projeto da Rumo.

“Portanto, o mercado vai se ajustar nos níveis de frete e retorno necessários para viabilizar projetos de infraestrutura”, afirmou.

Ele ainda apontou que a BR-163, rodovia que acaba concorrendo com o modal ferroviário em Mato Grosso, deve começar a ter um pedágio no final do ano, elevando os custos do frete por rodovia.

“Tudo isso contribuirá para a grande competitividade que a extensão da Malha Norte vai ter.”

(Por Roberto Samora)

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