Puro, com gelo ou em coquetéis, o rum venezuelano busca conquistar o mundo após uma árdua campanha para ganhar espaço em seu próprio mercado.
Vencedor de prêmios internacionais e altamente conceituado em degustações, este destilado de cana-de-açúcar foi relegado por muito tempo na outrora rica nação produtora de petróleo, onde o uísque reina.
“Ninguém é profeta em sua própria terra”, disse Diego Urdaneta, especialista em bebidas alcoólicas, à AFP, lembrando que, na década de 1990, um restaurante em Caracas consumia mais uísque do que todo o Peru. “Você ia a um casamento, a uma festa, e só havia uísque. Você pedia rum e as pessoas perguntavam: ‘Quem é esse cara?'”.
O uísque era a bebida dos ricos e o rum, até recentemente, era a escolha popular.
Nos últimos anos, novas marcas e produtos de alta qualidade surgiram, envelhecidos em diferentes tipos de barris, juntamente com outros de qualidade inferior.
“O mercado do rum na Venezuela evoluiu bastante, talvez impulsionado pelo fato de muitas marcas terem uma relação maior com o mercado externo, mas também para abastecer ou diversificar o mercado nacional”, destaca Urdaneta.
A produção do que muitos consideram o melhor rum do mundo ocorre em um ambiente desafiador. A Venezuela enfrenta uma crise econômica crônica em meio a uma situação política tensa, agravada pela pressão militar do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro.
Os fabricantes também enfrentam entraves burocráticos para levar seu rum ao mercado internacional. Mesmo assim, o mercado do rum está em plena expansão na Venezuela.
– Barril de dólares –
A produção do rum venezuelano gira em torno de um milhão de caixas de nove litros por ano, segundo diversos especialistas do setor, embora outros estimem em cerca de 500 mil caixas.
Algumas marcas surgiram exclusivamente para exportação e operam fora da Denominação de Origem Controlada (DOC), com produtos de qualidade variável.
É um setor altamente competitivo, “que cresceu com um status superior”, observa Guillermo Cárdenas, um dos diretores do famoso rum “Ron Carúpano”.
“Não é um mercado fácil”, acrescenta. Diferentemente de outras bebidas, a produção do rum “é como pegar alguns dólares, colocá-los em um barril e esperar dois, três, dez, quinze anos – o tempo que for necessário”.
Os custos são altos, mas o interesse global também, destaca.
A maioria das marcas consultadas exporta entre 20% e 30% de sua produção.
“Estamos competindo contra o mundo”, tanto com outros runs quanto com outras bebidas alcoólicas (uísque, conhaque, aguardente, vodca), enfatiza Cárdenas, convicto de que o ouro âmbar da Venezuela prevalecerá.
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