Rui Costa critica mercado e vê tentativa de desestabilizar o governo

Rui Costa critica mercado e vê tentativa de desestabilizar o governo

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, criticou o mercado financeiro e afirmou que as especulações sobre o cumprimento do arcabouço têm o objetivo de desestabilizar o governo. A declaração foi dada nesta quinta-feira, 5, durante conversa com jornalistas após um seminário do PT, em Brasília.

De acordo com Costa, o governo já demonstrou compromisso com as metas fiscais. Ele destacou o corte de R$ 20 bilhões no Orçamento de 2024 como uma das principais medidas alinhadas ao arcabouço fiscal, além do pacote de cortes de gastos em tramitação no Congresso Nacional.

“Estamos, com essas medidas, sinalizando que a narrativa de algumas pessoas do mercado, de que o desequilíbrio aconteceria no médio e longo prazo, não se sustenta. Estamos comprovando que não haverá nenhum desequilíbrio”, afirmou o ministro.

“Talvez 90% dos 105 entrevistados naquela pesquisa queiram desestabilizar o governo. Os números reais não apontam para isso. Eu e o ministro Haddad estamos abertos para sentar com eles e verificar onde estão os dados que levantam dúvidas sobre nosso compromisso com o arcabouço fiscal”, completou.

Um levantamento realizado pela Quaest revelou que 90% do mercado financeiro reprova o governo Lula. Esse índice é mais de 30 pontos percentuais superior ao registrado no início do ano.

O pacote de cortes de gastos foi um dos pontos que mais incomodou agentes do mercado financeiro, especialmente na região da Faria Lima. Além de considerarem o texto insuficiente, houve insatisfação com a demora de quase dois meses para a finalização da proposta.

Os três projetos do pacote estão em tramitação na Câmara dos Deputados e devem ser votados na próxima semana. Na quarta-feira, 4, os deputados aprovaram a urgência de dois desses projetos, mas com margens apertadas, o que gerou preocupações no governo.

A votação foi interpretada como um recado ao governo e ao Supremo Tribunal Federal (STF), em função da liberação condicionada de emendas parlamentares. Outro fator que contribuiu para o placar apertado foi o descontentamento de deputados, especialmente do Distrito Federal, com pontos da proposta, como as mudanças no cálculo do Fundo Constitucional do DF.

Rui Costa minimizou as dificuldades, atribuindo os resultados aos problemas relacionados às emendas. Ele, no entanto, não descartou possíveis alterações na proposta do Ministério da Fazenda e afirmou que novas medidas poderão ser implementadas nos próximos anos, caso necessário.

“O parlamento tem, evidentemente, o direito de aperfeiçoar um ou outro ponto. Estaremos empenhados na aprovação dessas medidas, que são fundamentais para desmontar a retórica daqueles que insistem em negar a realidade”, declarou.

“Se alguma medida adicional precisar ser tomada, ela será. Caso em 2025 ou 2026 seja necessário adotar outra medida, isso será feito.”