Rubio oferece apoio à Costa Rica diante de ‘chantagem’ da China

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, ofereceu, nesta terça-feira (4), apoio à Costa Rica para enfrentar a “chantagem” de empresas chinesas, antes de seguir viagem para a Guatemala, um dos últimos apoios de Taiwan na região.

Um país “merece apoio” quando enfrenta “empresas que não são seguras, estão apoiadas por governos como o da China que gosta de ameaçar, sabotar, usar coerção econômica para punir”, disse Rubio ao lado do presidente Rodrigo Chaves, na Casa Presidencial, em San José.

Em 2023, Chaves proibiu a gigante tecnológica chinesa Huawei de apresentar uma oferta para a rede 5G devido à negativa de Pequim a firmar um acordo internacional sobre crime cibernético.

“Enfrentar companhias como essa traz consequências, a chantagem, a ameaça, atividades para infiltrar os órgãos de um governo. E vocês têm sido muito firmes e vamos continuar os ajudando com isso”, acrescentou Rubio.

O secretário de Estado americano anunciou que vai garantir o fluxo de assistência à Costa Rica, um importante aliado dos Estados Unidos em questões como a migração e o tráfico de drogas.

Em 2007, a Costa Rica rompeu laços com Taiwan, uma ilha com governo democrático que a China reivindica como parte de seu território, o que foi um ponto de inflexão seguido por outros países latino-americanos.

Rubio começou sua viagem no Panamá, onde reportou avanços em seu empenho para reduzir a influência chinesa em torno do estratégico Canal do Panamá.

Assim como o Panamá, a Costa Rica é um velho aliado dos Estados Unidos que, nos últimos anos, recebeu um aumento de investimentos chineses.

– Nicarágua, Venezuela e Cuba –

A viagem de Rubio, que também o levou a El Salvador e, depois da Guatemala, concluirá na República Dominicana, se concentra na prioridade do presidente Donald Trump de deportar os imigrantes em situação irregular.

Para o chefe da diplomacia americana, um cubano-americano e primeiro latino a ocupar o cargo, os governos de Venezuela, Cuba e Nicarágua são responsáveis pela crise migratória.

“Na minha opinião, esses três regimes que existem em Nicarágua, Venezuela e Cuba são inimigos da humanidade e criaram uma crise migratória. Eles a criaram porque são países nos quais seus sistemas não funcionam”, assinalou.

Na Costa Rica, Rubio também se referiu à vizinha Nicarágua, onde o presidente Daniel Ortega e sua esposa Rosario Murillo obtiveram poderes absolutos na semana passada mediante uma reforma constitucional.

“No caso da Nicarágua, tornou-se uma dinastia familiar com uma copresidência”, afirmou.

Rubio chegou pela tarde à Guatemala, de onde milhares de pessoas emigram a cada ano em busca de oportunidades nos Estados Unidos e o único país da América Central a reconhecer Taiwan. Na América Latina, apenas Guatemala e Paraguai reconhecem a ilha.

Em El Salvador, na segunda-feira, Rubio anunciou ter recebido uma oferta extraordinária do presidente Nayib Bukele de reclusar em um megapresídio migrantes e americanos “criminosos” enviados dos Estados Unidos.

“Obviamente, há questões legais a se considerar. Temos uma Constituição, temos todo tipo de coisa, mas é uma oferta muito generosa”, disse Rubio aos jornalistas na Costa Rica.

Os presos seriam enviados para o Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), considerado o maior presídio da América Latina, nas imediações de Tecoluca, 75 km a sudeste de San Salvador.

Bukele goza de grande popularidade por sua guerra contra as gangues, baseada em um regime de exceção que, desde 2022, deteve cerca de 83 mil pessoas sem ordem judicial, muitos delas inocentes, motivo pelo qual é criticado por grupos de direitos humanos.

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