A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) anunciou nesta terça-feira (5) em Bruxelas a conclusão de seu projeto de serviço via satélite que oferecerá à população russa “informações independentes” produzidas, em grande parte, por jornalistas russos que tiveram que se exilar após a invasão da Ucrânia.

Batizado de Svoboda (“liberdade” em russo), o serviço pretende demonstrar, segundo a RSF, “que as democracias podem exportar um jornalismo independente e reverter a lógica da propaganda”, que “alimenta” os cidadãos russos por meio dos meios controlados pelo Estado.

Trata-se de poder “falar sobre guerra e crimes de guerra” sobre a Ucrânia e não de “uma operação militar especial” (expressão utilizada pelo presidente russo Vladimir Putin), destacaram os responsáveis pelo projeto.

O lançamento oficial, em uma coletiva de imprensa no Parlamento Europeu, contou também com o apoio da vice-presidente da Comissão Europeia, Vera Jourova, para quem o Svoboda é uma ferramenta para combater a desinformação.

“Fracassamos nessa guerra de informação”, disse a comissária tcheca de Valores e Transparência. “Não me agrada dizer isso, mas não estávamos preparados para uma comunicação tão agressiva [de Moscou] e nem para contrapor a capacidade dos russos de adaptar as campanhas de desinformação a cada Estado-membro com histórias diferentes”, acrescentou.

A oferta do Svoboda, em idioma russo, destina-se aos cidadãos da Rússia, bem como ao público de língua russa nos países vizinhos, como Belarus, e nos territórios da Ucrânia ocupados pelas tropas de Moscou.

Inicialmente o serviço será composto por nove redes de rádio e televisão, incluindo a Radio Sakharov e a Novaya Gazeta Europa. O objetivo a longo prazo é abrigar até 25 canais, afirmou a RSF.

O projeto, financiado por essa ONG francesa, utiliza as capacidades de transmissão do grupo Eutelsat, com sua constelação de satélites “Hotbird”.

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