O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), defendeu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) após a condenação do ex-chefe do Planalto por planejar um golpe de Estado. Para Zema, o STF está enviesado e os ministros “rasgam a Constituição”.
Zema sempre esteve alinhado a Bolsonaro, apesar de algumas alfinetadas durante o governo do ex-presidente e na campanha de 2022. Durante o processo da trama golpista, ambos voltaram a se aproximar, com o governador mineiro defendendo Bolsonaro das acusações. Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão por liderar a organização de um plano golpista após a derrota nas eleições para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Para o governador mineiro, o ex-presidente é vítima de uma perseguição política e avalia que as acusações são infundadas. Zema avaliou que os ataques de 8 de janeiro não podem ser caracterizados como tentativa de golpe de Estado, entendendo que houve um ato de vandalismo nos prédios dos Três Poderes. “O presidente Bolsonaro continua sendo a maior referência da direita, a quem nós, governadores, devemos muito de nossas eleições e do crescimento desse campo político. Infelizmente, ele enfrenta uma perseguição política evidente, não uma condenação legítima”, disse, em entrevista à IstoÉ.
Zema afirma que o STF desrespeita a Constituição Federal, agindo como se a Corte estivesse acima dela. Como exemplo, o mineiro citou a decisão do ministro Gilmar Mendes, que determinou que pedidos de impeachment contra ministros da Suprema Corte são de competência da Procuradoria-Geral da República (PGR). O ministro reviu a decisão nesta semana.

Romeu Zema, governador de Minas Gerais, em entrevista à IstoÉ
“O STF é totalmente tendencioso e enviesado. Se você descrever no exterior o que ocorreu em 8 de janeiro de 2023, ninguém caracteriza os fatos como golpe de estado, tentativa de golpe ou atentado contra a democracia”, afirmou.
“O Supremo Tribunal Federal tem demonstrado uma tendência autoritária e de perseguição política, desrespeitando claramente a Constituição. A recente decisão sobre sabatinas de senadores é um exemplo disso: a Carta é explícita, mas o STF age como se estivesse acima dela”.
Apesar da condenação de Bolsonaro, Romeu Zema vê o ex-presidente mexendo nos tabuleiros políticos para 2026. De acordo com ele, a direita deve vir com uma pulverização de candidatos, o que pode beneficiar a cúpula em quantidade de votos totais.
“Com a situação atual, a direita terá um cenário plural em 2026, com dois, três ou até quatro nomes disputando a Presidência. Isso é positivo, pois cada candidato fortalecerá a votação em seu estado, aumentando o total de votos do campo”, afirmou.
Há pouco mais de 10 dias, Bolsonaro quebrou as bancas de apostas ao nomear seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), como o sucessor de seu capital político. Flávio estava longe das preferências do Centrão e do mercado financeiro, mas tem entrado em campo para viabilizar sua candidatura, apesar das dúvidas de caciques políticos sobre ela.
Para Zema, a escolha de Bolsonaro não interfere em sua candidatura. Na avaliação do governador de Minas, a ampla gama de candidatos dá mais força aos partidos de centro-direita e afasta os ataques do Palácio do Planalto a apenas um candidato.
“Pelo contrário. Quem observa de fora pode interpretar dessa forma, mas quem está envolvido sabe que isso significa mais votos para a direita. Haverá uma transferência significativa de votos tanto no primeiro quanto no segundo turno, pois todos apoiaremos o candidato que avançar. Esse movimento potencializa o volume de votos da direita. Não se trata de divisão, mas de soma de forças”, reforçou.