13/06/2023 - 15:08
Marcus Vinícius Alves Barreira, o Romário, alegou não ter condições financeiras para se deslocar de Goiânia, onde mora, até Brasília para depor em audiência na CPI da Manipulação de Resultados nesta terça-feira, na Câmara dos Deputados.
Convocado na condição de investigado, o ex-jogador do Vila Nova não havia sido encontrado pela secretaria da CPI até segunda-feira. Até que seu advogado, Odair de Meneses, enviou um e-mail à Comissão argumentando que o atleta não tem dinheiro para ir de Goiânia à capital federal porque está “desempregado e sem auferir qualquer rendimento”.
Uma passagem de ônibus de Goiânia com destino a Brasília custa a partir de R$ 40. São pouco mais de 200 quilômetros entre uma cidade e outra percorridos, de ônibus, em cerca de três horas e meia. Há bilhetes promocionais vendidos por R$ 30 na internet.
A defesa, então, pediu que Romário dê depoimento remotamente, por chamada de vídeo, e forneceu dois números telefônicos do atleta.
O presidente da CPI, Júlio Arcoverde (PP-PI), o segundo vice-presidente, Daniel Agrobom (PL-GO), e o relator, Felipe Carreras (PSB-PE) se reuniram antes do início da sessão desta terça para definir se o jogador será ouvido por vídeo ou se a CPI paga o transporte para que o atleta seja interrogado presencialmente no encontro da próxima semana.
Romário foi apontado pelo MP como o pivô do esquema fraudulento. Segundo os promotores, o atleta recebeu dinheiro dos apostadores para cometer um pênalti em duelo com o Sport, pela última rodada da Série B do Campeonato Brasileiro de 2022, mas não foi relacionado para a partida. Por isso, passou a procurar outros atletas para participarem do esquema. Ele já foi julgado na Justiça desportiva e acabou banido do futebol pelo STJD.
Eduardo Bauermann, outro convocado na condição de investigado a depor, recorreu ao Superior Tribunal Federal e conseguiu decisão favorável. O ministro André Mendonça concedeu habeas corpus ao zagueiro do Santos, desobrigando o atleta a prestar depoimento perante os deputados na CPI.
A audiência pública da CPI desta terça-feira terá depoimentos de Ronei Ferreira de Freitas, presidente da Federação Goiana de Futebol, Cleyton Pereira dos Anjos, ex-presidente do Sindicato dos Árbitros de Futebol de Goiás, e Júlio César Garcias, presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de Goiás. Júlio César Motta, presidente da Comissão de Arbitragem de Goiás, não irá comparecer e justificou sua ausência.
Os parlamentares também vão votar nove requerimentos de convocação e convite de representantes de casas de apostas, ainda que as plataformas tenham sido tratadas, até o momento, como vítimas no esquema fraudulento de manipulação de resultados em partidas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro de 2022 e de Estaduais deste ano.