Dos 598 deputados federais que passaram pela Câmara nesta legislatura, 49 não estão disputando nenhum cargo nas eleições deste ano. Entre eles estão nomes bem conhecidos do público como o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia, o ministro das Comunicações Fábio Faria (PP) e o atual namorado da atriz Marina Ruy Barbosa,  Guilherme Mussi (PP-SP).

Nas redes sociais, Maia, que assumiu o cargo de secretário de Projetos e Ações Estratégias do Governo de São Paulo, disse que quer “cumprir um ciclo no executivo” e se “reciclar”. “Quero aprender mais sobre gestão e orçamento público para que no futuro eu possa ter outros desafios na política ou até no setor privado”, escreveu.

Já Fábio Farias chegou a ventilar a ideia de concorrer ao Senado pelo Rio Grande do Norte, mas após disputas internas do partido decidiu continuar como ministro do presidente Jair Bolsonaro (PL). Em fevereiro, ao anunciar que não disputaria nenhum cargo, Farias ressaltou que queria dar continuidade ao projeto de implantação da quinta geração da telefonia móvel (5G) no país.

“Eu ficava muito preocupado em sair do ministério em março e não conseguir entregar meu maior legado, que é o 5G funcionando. Fizemos o leilão, mas só estará funcionando nas 27 capitais em julho. Queria participar. Eu sei o que vai mudar na vida das pessoas”, disse em fevereiro, durante um pronunciamento.

Empresário e deputado federal em três legislaturas, Guilherme Mussi tem tido uma vida agitada ao lado da namorada Marina Ruy Barbosa. Neste ano, ele optou por não disputar um novo mandato e demonstrou apoio a outro candidato nas redes sociais.

Quem também decidiu passar o bastão para outro candidato foi a deputada federal Áurea Carolina (PSOL-MG). Nas redes sociais, a parlamentar, que está em seu primeiro mandato, falou em “passar a missão adiante” ao demonstrar apoio a outra candidata do partido.

O mesmo se repete com Henrique Fontana (PT/RS), Herculano Passos (Republicanos/SP), José Mario Schreiner (MDB/GO), Edna Henrique (Republicanos/PB) e Rogério Peninha Mendonça (MDB/SC). Os cinco decidiram usar as redes sociais para prestar apoio a outros candidatos dos seus partidos.

De pai para filho e de filho para mãe

Além do apoio a candidatos do próprio partido, há também os deputados federais que decidiram não concorrer nas eleições, mas apoiar os parentes. Átila Lira (PP/PI) e Haroldo Cathedral (PSD/RR) estão lançando os filhos para os cargos.

Já Shéridan (PSDB/RR) desistiu de concorrer à reeleição para apoiar o marido. Ronaldo Carletto (PP/BA) está apoiando o sobrinho e RRenato Queiroz (PSD/RR) indicou a mãe.

Quem também está fora da disputa neste ano é o ex-deputado federal Miguel Haddad (PSDB/SP). Eleito suplente nas eleições de 2018, ele chegou a substituir  Guilherme Mussi na Câmara quando o deputado pediu uma licença. Ele não tem feito campanha para um candidato especifico, mas publicou uma carta em que diz ser “a favor do voto em candidatos, independente de partidos, que sejam das cidades da nossa região”.

Atualmente como secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia, José Nunes (PSD/BA) também não está disputando nenhum cargo. Assim como o colega Nelson Pelegrino, que foi nomeado conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia. Os dois também não costumam usar as redes sociais para expressar apoio a um candidato específico.

O levantamento feito pela ISTOÉ com base nos dados da Câmara dos Deputados e do Tribunal Superior Eleitoral aponta ainda outros 12 candidatos, entre deputados e suplentes, que não estão concorrendo a nenhum cargo e não mencionam apoio a outros candidatos a deputado federal nas redes sociais.

São eles: Jerônimo Goergen (PP/RS), Olavo Bilac Pinto Neto (UNIÃO/MG), Sérgio Toledo (PV-AL), Osmar Serraglio (PP/PR), Darcísio Perondi (MDB/RS), Eleuses Paiva (PSD/SP), Laerte Bessa (PL/DF), Odorico Monteiro (PSB/CE), Nilson F. Stainsack (PP/SC), Rachel Marques (PT/CE), Valdir Rossoni (PSDB/PR) e Tia Eron (Republicanos/BA).

Mandato cassado e mortes

Mesmo que quisessem disputar as eleições, alguns políticos não poderiam concorrer a cargos. Flordelis (sem partido/RJ) está presa e teve o mandato cassado pelo plenário da Câmara dos Deputados, em 2021. No mesmo ano, Boca Aberta (PROS/PR) teve o diploma eleitoral cassado pelo TSE. Em 2020, Manuel Marcos Carvalho de Mesquita (Republicanos/AC) também teve o mandato cassado após decisão do TSE.

Já Patrícia Ferraz (PODE/AP) chegou a registrar a candidatura, mas renunciou após ter o registro contestado. Neste ano, a parlamentar, que é suplente, teve o diploma eleitoral cassado pelo TRE-AP. Ela ainda pode recorrer da decisão do tribunal.

O mesmo caso acontece com Aníbal Gomes (PSDB/ CE). Cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE), ele também chegou a se candidatar, mas renunciou. O parlamentar, que é suplente, também pode recorrer da decisão do TRE-CE que cassou seu mandato.

Já Genecias Noronha (PL/CE), que teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE/CE), decidiu não disputar as eleições. Ele, que continua no cargo de deputado federal, ainda pode recorrer da decisão do TRE-CE.

Os dados da Câmara dos Deputados mostram ainda que quatro deputados da legislatura atual morreram. Em 2020, foram três deputados: Luiz Flávio Gomes (PSB/SP), Assis Carvalho (PT/PI) e o suplente Luiz Lauro Filho (PSDB/SP). Já em 2021, o deputado Schiavinato (PP/PR) faleceu.

Prefeitos e vice-prefeito

Durante as eleições municipais de 2020, alguns deputados federais concorreram a vagas nas prefeituras. Conforme o levantamento da ISTOÉ, dez deles foram eleitos e optaram por continuar com os cargos nos municípios. São eles:

  • Margarida Salomão (PT) – prefeita em Juiz de Fora (MG)
  • Alexandre Serfiotis (PSD) – prefeito em Porto Real (RJ)
  • Sérgio Vidigal (PDT) – prefeito em Serra (ES)
  • Edmilson Rodrigues (PSOL) – prefeito em Belém (PA)
  • Eduardo Braide (Podemos) – prefeito em São Luís (MA)
  • João Henrique Campos (PSB) – prefeito em Recife (PE)
  • João Henrique Caldas (PSB) – prefeito em Maceió (AL)
  • Roberto Pessoa (PSDB) – prefeito em Maracanaú (CE)
  • Wladimir Garotinho (PSD) – prefeito em Campos dos Goytacazes (RJ)
  • Francisco Deuzinho de Oliveira Filho (Republicanos) – vice-prefeito em Caucaia (CE)

Lista de deputados federais fora das eleições pode aumentar

Ao menos três deputados federais registram candidaturas para as eleições deste ano, mas podem ser barrados. Daniel Silveira (PTB/RJ) deve deixar a disputa pelo Senado na semana que vem, isso porque o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro já formou maioria para impugnar a candidatura dele.

Em abril, Silveira foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal a oito anos e nove meses de prisão, além de multa, pelos crimes de tentativa de impedir o livre exercício dos Poderes e coação no curso do processo. Ele recebeu um indulto de Bolsonaro, mas, na avaliação de ministros do STF, o deputado continua inelegível.

Já Neri Geller (PP-MT) teve o mandato cassado pelo plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no último dia 23, por captação ilícita de recursos para financiar campanhas políticas. A candidatura dele ao Senado também pode ser impugnada pelo TRE-MT.

Concorrendo à reeleição, Valdevan Noventa (PL-SE) também teve o mandato cassado pelo TSE. A candidatura dele é contestada pelo Ministério Público Eleitoral.

Confira a lista dos deputados que não estão disputando nenhum cargo: