O ‘Roda Viva‘ irá promover, a partir da próxima segunda-feira (13/3), um rodízio de cartunistas a cada programa da TV Cultura, ocupando a cadeira do gênio dos traços Paulo Caruso. A ideia parte de um reconhecimento de que Caruso, que morreu no último sábado (4/3), aos 73 anos, devido a complicações do tratamento de um câncer, e que estava no programa desde 1987, não é simplesmente substituível.

“O que o Caruso fazia no Roda é único e não é imitável. A agilidade com que ele traduzia as entrevistas em desenho, as conexões políticas que fazia, as referências históricas que brotavam instantaneamente no traço são características únicas, que ele eternizou como linguagem que foi a cara do programa nesses 36 anos”, diz a apresentadora Vera Magalhães.

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A ideia do rodízio surgiu de um brainstorm entre a apresentadora, a direção da emissora e a equipe de produção do programa.

Além da constatação de que não seria possível simplesmente escalar alguém para o lugar de Caruso, a proposta é a cada semana trazer novos olhares para a roda, com diversidade de gênero e raça, contemplando diferentes vertentes do traço e mesclando nomes já consagrados com iniciantes no mundo da charge e da caricatura, mas não só — quadrinhistas, muralistas e expoentes de outras frentes do traço também serão convidados a integrar a roda mais tradicional da TV brasileira.

O primeiro convidado para testar o novo formato foi justamente Chico Caruso, irmão gêmeo de Paulo e seu parceiro nas artes visuais. Mas ele disse, de forma singela, que “não sabe” fazer o que o irmão fez: desenhar em tempo real com aquela agilidade.

“Eu ainda pretendo convencer o Chico, uma vez que nossa ideia, agora, é trazer o que de mais fresco e original cada artista tiver a oferecer como olhar para as entrevistas do programa”, diz a apresentadora.

Primeiro cartunista

O primeiro a ocupar a cadeira que Caruso consagrou será o artista Jean Galvão, 49 anos. Cartunista convidado do dia, é chargista da Folha de S.Paulo e também do Canal Um Brasil. É autor do livro Vó (coletânea de tirinhas), dos livros infantis Sombrinhas (Companhia das Letrinhas) e Incrível Eu (editora Caramelo). Também é vencedor do Salão Internacional de Humor de Piracicaba (categoria Charge, 2007) e de três Vladimir Herzog de Direitos Humanos (1994, 1995 e 1997).