Amigos desde a juventude, quando dividiram apartamento no Rio e começaram a se aventurar pelo rock nacional, Leo Jaime e Leoni já estiveram juntos por diversas vezes no palco. Desde o Kid Abelha, passando pelo grupo Heróis da Resistência e às respectivas carreiras solos, muitas foram as parcerias de Leoni e Leo Jaime. Para se ter ideia do entrosamento entre eles, um já chegou a substituir o outro. “Uma vez, a gente estava jogando bola com o Chico Buarque e o Leoni quebrou a perna. Havia três shows dos Heróis da Resistência naquela semana. Eu acabei substituindo o Leoni, tocando baixo e tudo. Ele também já me substituiu no palco quando fiquei internado”, conta Leo.

Antenados com nomes que estão em efervescência na cena atual (Leo e Leoni citam Johhny Hooker, Mahmundi, O Terno e o rapper Rincón Sapiência), a dupla tem propriedade para falar sobre música, especialmente sobre o rock. “Ficou velhinho, né? O rock é um senhor de idade. Ele, infelizmente, não é mais a música da juventude. Apesar de ter muita gente boa fazendo ainda. A música da juventude hoje é o rap. O rock não vai morrer, assim como o blues não morreu. É um estilo difícil porque muita coisa já foi feita. É raro ver algo novo. Para a galera nova, uma banda pode ser impressionante. Para mim, não. É uma questão de idade. Eu acho que hoje em dia não há fronteiras com o rock. Meu filho, que tem 18 anos e é músico, toca guitarra, ama Led Zeppelin, mas gosta de Novos Baianos e Lady Gaga”, conta ainda Leoni. “O rock tem uma energia que poucos outros gêneros têm. Você é tomado por alguma coisa quando ouve I Saw Her Standing There, dos Beatles. Isso jamais vai morrer. Mas hoje, no Brasil, o rock é um segmento fora do mercado. Algo bem diferente dos anos 1980”, complementa Leo.

Consistência

Para Leo, inclusive, a música feita atualmente está menos politizada. “Na época em que a gente começou, fazíamos músicas com um discurso que tinha a ver com que estava acontecendo no País. Elas refletiam nosso tempo. Hoje em dia, eu sinto falta da realidade brasileira, que é muito rica e efervescente. As músicas simplesmente não retratam a nossa época. Eu sinto falta dessa crônica. A única exceção é o rap. A música precisa ser um retrato do que está acontecendo. E não é só sobre política, não, mas sobre várias outras coisas. Daqui a alguns anos, qual música nós vamos dizer que retrata o ano de 2018? Amei Te Ver (Tiago Iorc)? Trem-Bala (Ana Vilela)? Isso não vai identificar o nosso tempo. Não é uma crítica, são grandes sucessos, obviamente. No entanto, precisamos pensar e refletir sobre isso.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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