A nova arma contra o crime nos EUA não late e nem morde, mas tem um faro incomparável. Batizado de “Spot”, o cão-robô criado pela empresa Boston Dynamics possui um sistema de inteligência artificial com sensores que captam as vozes do ambiente e câmeras que filmam em tempo real, permitindo inclusive a captação de imagens no escuro. Vendido à Polícia de Nova York por US$ 74 mil a unidade — cerca de R$ 420 mil —, o equipamento está sendo usado em testes para auxiliar na investigação e invasão de locais suspeitos na região do Bronx, bairro carente ao norte de Manhattan. Elaborado como uma espécie de “drone terrestre”, o robô de quatro patas sobe e desce escadas, supera obstáculos e utiliza um esquema de comunicação que permite o diálogo direto com o suspeito, mesmo sem a presença física do policial. O “robôdog” pesa 30kg e atinge 5 km/h de velocidade.

“A utilização do cão mecânico reduz o potencial violento da abordagem policial”, diz Vivian Valle, professora da PUC do Paraná. A ação do equipamento, no entanto, pode colocar em risco a privacidade do cidadão. Para a docente, será necessário criar regulação específica para o uso desse tipo de equipamento, uma vez que ele tem a capacidade de captar imagens privadas – nem sempre relacionadas à investigação em si. “A informação e os dados são muito valiosos na era em que vivemos. E esses dados, no caso, somos nós mesmos”, afirma Vivian.

A deputada americana Alexandria Ocasio-Cortez, do partido democrata, fez duras críticas ao uso do equipamento. Ela chamou a atenção para o início das atividades do aparelho no Bronx, um bairro de maioria negra. “É o caso de se perguntar quando foi a última vez que a tecnologia de última geração foi aplicada às comunidades carentes em projetos de melhoria da educação, saúde e habitação”, ironizou, no Twitter. A invenção está se tornando popular: os departamentos de polícia dos estados de Massachusetts e do Havaí também já anunciaram que vão usar o “robô-dog” para patrulhar suas cidades.