Robô e IA conseguem reconstruir afrescos danificados de Pompeia

POMPEIA, 27 NOV (ANSA) – Um robô, conduzido por inteligência artificial, conseguiu reconstruir afrescos de Pompeia, no sul da Itália, danificados durante diversos eventos ao longo da história. O projeto é visto como uma boa opção para auxiliar o trabalho arqueológico no futuro.   

O protótipo, testado com sucesso no Parque Arqueológico da cidade, integra a pesquisa “RePAIR” (“Reconstruindo o Passado: Inteligência Artificial e Robótica Encontram o Patrimônio Cultural”), financiada pela União Europeia.   

A proposta, que demonstra como a robótica e a inteligência artificial podem facilitar o trabalho de arqueólogos no futuro, teve como objetos de estudo dois modelos de afrescos locais que fazem parte do Patrimônio da Unesco: os do teto da Casa dos Pintores em Trabalho, na Ínsula dos Amantes Castos, danificados durante a erupção do vulcão Vesúvio em 79 d.C. e que foram estilhaçados por bombardeios durante a Segunda Guerra Mundial, além dos afrescos da Schola Armaturarum, destruídos pelo desabamento do estrutura em 2010 e parcialmente restaurados.   

Lançado em setembro de 2021, o projeto foi coordenado pela Universidade Ca’ Foscari, de Veneza, envolvendo universidades e institutos de pesquisa na Europa e na Itália, incluindo o Instituto Italiano de Tecnologia (IIT) e o Parque Arqueológico de Pompeia, campo de aplicação experimental do projeto.   

“Após adquirir e digitalizar imagens dos fragmentos individuais, o sistema tenta resolver o quebra-cabeça, e a solução encontrada é enviada para a plataforma de hardware que, utilizando dois braços robóticos equipados com mãos macias, posiciona automaticamente os fragmentos no local desejado”, explicou Marcello Pelillo, professor da Ca’ Foscari e coordenador da iniciativa.   

Segundo ele, “trata-se de um quebra-cabeça extremamente complexo, composto por centenas ou milhares de pedaços, muitas vezes desgastados ou muito danificados, sem que se saiba de antemão qual deverá ser o resultado final”.   

Pelillo também destacou que, muitas vezes, “as peças recuperadas representam apenas uma parte da obra original, deixando grandes ou numerosas lacunas na reconstrução”.   

Para complicar ainda mais o processo, existe a questão da proveniência, já que os fragmentos, mesmo pertencendo a obras diferentes, muitas vezes estão misturados.   

“Para lidar com esse problema complexo, empregamos técnicas sofisticadas de inteligência artificial e criamos uma interface que permite aos arqueólogos se comunicarem com o sistema”, acrescentou o coordenador.   

Para o diretor do Parque Arqueológico de Pompeia, Gabriel Zuchtriegel, “é um enorme desafio reunir uma massa tão grande de fragmentos, como os do bombardeio de Pompeia em 1943”.   

“Nenhum ser humano conseguiria fazer isso sozinho [reconstruir os pedaços das obras]. É aí que entra a inteligência artificial, ajudando-nos a lidar com a complexidade dos materiais arqueológicos e que desempenhará um papel central na arqueologia no futuro”, frisou Zuchtriegel. (ANSA).