O secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, reforçou que conversou com o presidente Jair Bolsonaro nesta manhã e que ele “entendeu que não houve má intencionalidade” de sua parte ao usar discurso quase idêntico ao do ideólogo nazista Joseph Goebbels. Antes, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Alvim já havia declarado que o presidente lhe garantiu que não será demitido. O Palácio do Planalto afirmou oficialmente que não comentará o caso.

Em entrevista à Rádio Gaúcha pela manhã, Alvim disse que houve “infeliz coincidência” com frase de Goebbels. Inicialmente, o secretário afirmou que não poderia pedir desculpas pelo episódio porque alega não ter copiado os trechos de Goebbels de forma proposital. De acordo com ele, algum assessor teria colocado a frase em sua mesa sem identificar a fonte com base em uma busca sobre nacionalismo e arte na internet.

Ele disse, ainda, que investigará quem sugeriu a frase e por quê. “Essa casca de banana que foi plantada será aferida. Não conhecia a origem disso”, afirmou. “Evidentemente que eu não sabia (que a frase reproduzida era de Goebbels), se soubesse não usaria.”

Depois, ao final, foi indagado sobre a indignação da comunidade judaica e acabou pedindo desculpas se alguém se sentiu ofendido pela referência indireta ao ideólogo nazista.

Diante da reação negativa até mesmo de bolsonaristas, Alvim afirmou que o que mais o entristeceu foi a reação de Olavo de Carvalho, que disse que ele não parecia “estar bem da cabeça”. “Vou provar ao professor Olavo, que é o meu mestre, que estou são, estou perfeito.”

‘Frase perfeita’

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Ainda assim, Alvim afirmou que escreveu 90% do discurso e que a frase reescrita por ele é “perfeita”. “A frase que foi reescrita a partir da frase do Goebbels é perfeita”, disse. “A vinculação dessa ideia (sobre nacionalismo e arte) com campos de extermínio, eugenia, é produto de má intencionalidade ou analfabetismo funcional.”

Ao ser questionado, o secretário negou ser nazista e afirmou repudiar o regime que exterminou milhões de pessoas. “É claro que não, qualquer pessoa com o mínimo de sanidade mental não pode ser simpático a um regime que exterminou pessoas”, afirmou.

Alvim disse que foi sua a escolha de usar uma ópera de Richard Wagner, tocada ao fundo do vídeo. Ele alegou, no entanto, que embora fosse a favorita de Hitler, a ópera não deve ser associada ao nazismo. Ele justificou a escolha pela ligação da música com o cristianismo, sua religião.


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