RJ tem 121 mortos após megaoperação, diz governo; defensoria fala em 132 vítimas

O governador do Rio de Janeiro disse que a perícia ainda está em andamento e que o número pode aumentar

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Corpos enfileirados em rua do Rio de Janeiro após operação policial mais letal da história da cidade Foto: REUTERS/Ricardo Moraes

O secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Felipe Curi, atualizou nesta quarta-feira, 29, que 121 pessoas foram mortas durante a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, na terça-feira, 28. Ainda segundo o secretário, 113 pessoas foram presas e 10 adolescentes apreendidos.

O número de mortos, no entanto, difere do balanço da Defensoria Pública do estado do Rio de Janeiro, que afirma que ao menos 132 pessoas foram mortas.

“Nossa contabilidade começa na hora que esses corpos entram no IML. Não contabilizamos por imagem, foto. A Polícia Civil tem uma responsabilidade enorme de saber quem era cada uma dessas pessoas. Eu não posso fazer balanço antes de todos entrarem. (…) O trabalho de perícia não terminou”, disse Cláudio Castro em coletiva de imprensa no Palácio Guanabara.

Testemunhas afirmaram à Reuters que ao menos 60 cadáveres foram encontrados e enfileirados na Praça da Penha. Segundo relatos, eles teriam sido retirados da mata pelos próprios moradores que saíram em busca de parentes após a operação policial iniciada na terça-feira e que avançou pela madrugada desta quarta contra a facção criminosa Comando Vermelho.

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“Eu só quero tirar meu filho daqui e enterrar, sabe por quê? Não vai dar em nada. A verdade é essa, não vai dar em nada, porque aqui tem um montão de gente chorando, mas lá fora tem um montão de gente aplaudindo isso aí que eles fizeram, que foi uma chacina”, disse à Reuters a costureira Tauã Brito, cujo filho foi morto na operação de terça.

“É certo? Que operação é essa? Mudou o que? Entraram com algum esporte, algum estudo, alguma coisa de melhoria pra mudar a vida dos jovens? Não mudaram nada!”

Na manhã desta quarta, um grupo de moradores protestava nos arredores da favela da Penha contra a ação policial. Corpos ainda estavam sendo retirados da região de mata.

A operação de terça, que já é a mais letal da história do Rio de Janeiro, também se tornou a mais mortal da história do Brasil, superando o massacre no presídio do Carandiru, em São Paulo, em 1992, quando 111 presos foram mortos após uma rebelião em um pavilhão da casa de detenção.

A operação policial aconteceu dias antes de o Rio de Janeiro sediar eventos globais relacionados à cúpula das Nações Unidas sobre o clima COP30, que acontecerá em Belém.

Entre os eventos marcados para o Rio estão a cúpula global de prefeitos que combatem a mudança climática C40 e o Prêmio Earthshot, com a presença do príncipe britânico William, primeiro na linha de sucessão do trono do Reino Unido.

A polícia costuma realizar operações de grande escala contra grupos criminosos antes de grandes eventos no Rio, que sediou os Jogos Olímpicos de 2016, a cúpula do G20 de 2024 e a cúpula do Brics em julho.