A atriz Sabine Boghici, 49, que respondia em liberdade por estelionato, roubo, extorsão, associação criminosa e cárcere privado contra a sua mãe, Geneviéve Boghici, 84, morreu na tarde da última quinta-feira (14) após cair do quinto andar do prédio onde morava, no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro.
Sabine chegou a ser socorrida pelos bombeiros e levada à área de emergência do Hospital Municipal Miguel Couto, mas, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, não resistiu aos ferimentos. Em nota, a Polícia Militar informou que não foi acionada para a ocorrência.
O caso foi registrado na 15ª Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro, no bairro da Gávea. A ISTOÉ procurou a Polícia Civil para mais informação sobre a investigação e aguarda retorno.
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A atriz e outras seis pessoas foram denunciadas pelo desvio de obras de arte e joias, além de golpes financeiros contra Geneviéve. No total, estima-se que foram desviados mais de R$ 720 milhões.
Relembre o caso
Sabine foi presa em agosto de 2022 após uma denúncia da Promotoria do Rio de Janeiro baseada nos crimes citados, ocorridos entre janeiro de 2020 e abril de 2021.
Em março deste ano, a atriz ganhou liberdade provisória após o juiz Guilherme Schilling Pollo Duarte, da 23ª Vara Criminal, entender que Sabine não representava periculosidade à sociedade. A atriz era herdeira de um dos maiores colecionadores de arte do país, o romeno Jean Boghici.
De acordo com as investigações, Sabine se envolveu com um grupo de falsos videntes para extorquir dinheiro de sua mãe, Geneviéve.
Em janeiro de 2020, a idosa, viúva Jean Boghici, foi abordada por uma mulher que se apresentou como vidente e dizia que sua filha estaria doente com expectativa de morte em breve.
Na época, a Secretaria de Estado de Polícia Civil afirmou que “por ter um lado místico e uma filha que enfrenta problemas psicológicos desde a adolescência”, a idosa foi convencida, com reforço da filha, a realizar os pagamentos que seriam destinados ao tratamento espiritual proposto.
“Entre os dias 22 de janeiro e 5 de fevereiro de 2020, foram realizadas oito transferências bancárias que ultrapassaram R$ 5 milhões”, dizia a nota da Secretaria.
Após as denúncias, Sabine ainda voltou a morar com a mãe, dispensou funcionários, afastou a idosa dos amigos e passou a controlar o telefone dela. A filha ainda se aproveitou da pandemia para justificar o isolamento de Geneviéve. Com o tempo, a vítima começou a sofrer ameaças e agressões da filha para efetuar novas transferências.
No total, 16 quadros foram levados da casa da mãe. Outros R$ 6 milhões em jóias também foram roubados. Durante o período de cárcere, que durou cerca de 15 meses, a viúva teve uma faca apontada para o seu pescoço pela própria filha e chegou a ser deixada sem comida.
Operação Sol Poente
Em agosto do ano passado, policiais civis da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade (Deapti) do Rio de Janeiro deflagraram a Operação Sol Poente para desarticular a quadrilha acusada de roubar a idosa.
Foram presos Jacqueline Stanescos, Rosa Stanesco Nicolau, Gabriel Nicolau Traslavinã, Diana Rosa Aparecida Stanesco Vuletic, Slavko Vuletic e a filha da idosa. Um sétimo envolvido, Ronaldo Ianov, morreu durante o curso da investigação.
Os mandados de busca e apreensão foram expedidos para 14 locais, mas foi um apartamento em Ipanema que acabou se demonstrando como o principal ponto para os policiais. No local foram encontrados três dos acusados – incluindo a filha – e 11 obras de arte.