RJ: Sabine Boghici, que deu golpe de R$ 720 milhões na mãe, morre ao cair de prédio

Sabine foi presa em agosto de 2022 após uma denúncia da Promotoria do Rio de Janeiro baseada nos crimes citados, ocorridos entre janeiro de 2020 e abril de 2021
Sabine e outras seis pessoas foram denunciadas pelo desvio de obras de arte e jóias, além de golpes financeiros que somam mais de R$ 720 milhões Foto: Reprodução

A atriz Sabine Boghici, 49, que respondia em liberdade por estelionato, roubo, extorsão, associação criminosa e cárcere privado contra a sua mãe, Geneviéve Boghici, 84, morreu na tarde da última quinta-feira (14) após cair do quinto andar do prédio onde morava, no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro.

Sabine chegou a ser socorrida pelos bombeiros e levada à área de emergência do Hospital Municipal Miguel Couto, mas, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, não resistiu aos ferimentos. Em nota, a Polícia Militar informou que não foi acionada para a ocorrência. 

O caso foi registrado na 15ª Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro, no bairro da Gávea. A ISTOÉ procurou a Polícia Civil para mais informação sobre a investigação e aguarda retorno.

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A atriz e outras seis pessoas foram denunciadas pelo desvio de obras de arte e joias, além de golpes financeiros contra Geneviéve. No total, estima-se que foram desviados mais de R$ 720 milhões.

Relembre o caso

Sabine foi presa em agosto de 2022 após uma denúncia da Promotoria do Rio de Janeiro baseada nos crimes citados, ocorridos entre janeiro de 2020 e abril de 2021.

Em março deste ano, a atriz ganhou liberdade provisória após o juiz Guilherme Schilling Pollo Duarte, da 23ª Vara Criminal, entender que Sabine não representava periculosidade à sociedade. A atriz era herdeira de um dos maiores colecionadores de arte do país, o romeno Jean Boghici.

De acordo com as investigações, Sabine se envolveu com um grupo de falsos videntes para extorquir dinheiro de sua mãe, Geneviéve.

Em janeiro de 2020, a idosa, viúva Jean Boghici, foi abordada por uma mulher que se apresentou como vidente e dizia que sua filha estaria doente com expectativa de morte em breve.

Na época, a Secretaria de Estado de Polícia Civil afirmou que “por ter um lado místico e uma filha que enfrenta problemas psicológicos desde a adolescência”, a idosa foi convencida, com reforço da filha, a realizar os pagamentos que seriam destinados ao tratamento espiritual proposto.

“Entre os dias 22 de janeiro e 5 de fevereiro de 2020, foram realizadas oito transferências bancárias que ultrapassaram R$ 5 milhões”, dizia a nota da Secretaria.

Após as denúncias, Sabine ainda voltou a morar com a mãe, dispensou funcionários, afastou a idosa dos amigos e passou a controlar o telefone dela. A filha ainda se aproveitou da pandemia para justificar o isolamento de Geneviéve. Com o tempo, a vítima começou a sofrer ameaças e agressões da filha para efetuar novas transferências.

No total, 16 quadros foram levados da casa da mãe. Outros R$ 6 milhões em jóias também foram roubados. Durante o período de cárcere, que durou cerca de 15 meses, a viúva teve uma faca apontada para o seu pescoço pela própria filha e chegou a ser deixada sem comida.

Operação Sol Poente

Em agosto do ano passado, policiais civis da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade (Deapti) do Rio de Janeiro deflagraram a Operação Sol Poente para desarticular a quadrilha acusada de roubar a idosa.

Foram presos Jacqueline Stanescos, Rosa Stanesco Nicolau, Gabriel Nicolau Traslavinã, Diana Rosa Aparecida Stanesco Vuletic, Slavko Vuletic e a filha da idosa. Um sétimo envolvido, Ronaldo Ianov, morreu durante o curso da investigação.

Os mandados de busca e apreensão foram expedidos para 14 locais, mas foi um apartamento em Ipanema que acabou se demonstrando como o principal ponto para os policiais. No local foram encontrados três dos acusados – incluindo a filha – e 11 obras de arte.