A Justiça do Rio de Janeiro decretou a prisão preventiva de Patrícia de Paiva Reis por ser acusada de internar a própria mãe, Maria Aparecida de Paiva, de 65 anos, à força em uma clínica psiquiátrica, localizada em Petrópolis, na região serrana do RJ. O marido da mulher, Raphael Machado Costa Neves, também estaria envolvido no caso.

De acordo com a Polícia Civil, o casal teria sequestrado e internado a mulher após ela recusar a se retratar por ter feito uma denuncia de maus-tratos sofridos pelos dois netos, de 2 e 9 anos, na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV).

Em entrevista ao programa “RJTV”, da TV Globo, a vítima afirmou que foi abordada, no dia 6 de fevereiro, por dois homens no momento em que saía de uma agência bancária. Ela foi colocada dentro de uma ambulância e levada para uma clínica psiquiátrica.

Depois, Maria Aparecida foi transferida para a clínica Revitalis, também na região serrana do Rio de Janeiro. A mulher foi resgatada na última quinta-feira (23), após a prisão da filha e do genro.

Segundo as investigações da polícia, os dois fizeram isso porque também queriam ficar com o dinheiro da pensão de Maria Aparecida.

Primeira tentativa

Essa não foi a primeira vez que Patrícia tentou internar a própria mãe. No fim de janeiro, ela procurou fazer isso por meio do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas uma médica atestou que Maria Aparecida estava lúcida.

Depois, o casal pagou para conseguir internar a mulher na rede particular.

“Verificamos que não havia nenhum critério para que a idosa fosse mantida internada por 17 dias. Por isso, as clínicas compactuaram com a atividade de sequestro. As condutas dos médicos e dos funcionários serão investigadas”, afirmou o delegado Felipe Santoro, em entrevista ao RJTV.

A polícia chegou a colher depoimentos de vizinhos e parentes de Maria Aparecida. Todos afirmaram que a idosa não possui nenhum problema psicológico e responde plenamente pelos seus atos.

Outras acusações

Além de ser acusada pelo sequestro e internação da própria mãe, Patrícia já responde a inquéritos por calúnia, estelionato, extorsão e furto de veículo.

Ela também é investigada em dois processos nos quais acusa ex-namorados de agressões. Porém a polícia acredita que as alegações sejam falsas.

Clínicas interditadas

Após o caso ter vindo à tona, as duas clínicas pelas quais Maria Aparecida passou foram interditadas e estão proibidas de receberem novos pacientes. Além disso, a Justiça deu o prazo de 72 horas para que os estabelecimentos façam as transferências de seus pacientes.

A clínica Revitalis afirmou que a idosa foi transferida de um outro local e a filha havia solicitado a internação por conta de um histórico depressivo e de confusão. O estabelecimento ainda negou que a paciente tenha oferecido resistência para permanecer no local.

Já a clínica Vista Alegria ressaltou que colabora com as autoridades e segue à disposição para prestar esclarecimentos.